O humorista Jô Soares interpretava diversos personagens na década de 1980 na televisão. Em um dos quadros, personificava um general que sofreu um acidente de carro logo após a posse do então presidente João Baptista Figueiredo. Esse personagem ficou em coma e acordou seis anos mais tarde. Ao ser informado sobre os “fatos atuais” da nação e da política, o personagem usava o bordão “tira o tubo”. Passados mais de seis meses do início das manifestações pela moralidade – na verdade ainda ocorrem manifestações, mas no momento sem o apelo popular de antes (momento rolezinho) -, torna-se necessário fazer uma análise dos protestos, das finalidades, dos objetivos alcançados e do posicionamento por parte da casta política do país.

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Os manifestos que tiveram início contra o aumento das passagens de ônibus ganharam corpo com outros motes como: pela PEC 37, contra a importação de médicos, pela falta de investimentos em saúde, pela luta contra a corrupção, pela melhoria da segurança pública, contra a inflação, pelo fim do voto secreto no Congresso, pelo julgamento do Mensalão. Enfim, motivos não faltaram e não faltam. Como saldo desses protestos, o povo brasileiro pode afirmar que houve “zero” de vitória.

Neste norte, se analisarmos o contexto político nestes últimos meses, concluiremos que de fato não houve qualquer mudança no âmbito político e governamental. Escândalos de corrupção continuam a fazer parte do noticiário, assim como aumento da tarifa de energia, da inflação, disparada do dólar, médicos cubanos que não vão receber pelo trabalho e sim o seu país, aumento do IPTU, aumento do IOF, aumento do IPI. Esses são alguns dos fatos a serem relatados neste período. Enfim, não restam muitas alternativas ao cidadão, manifestante ou não. Tira o tubo!