Há anos se discute sem sucesso a questão do lixo. O primeiro passo positivo foi dado só em 2010 com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), após duas décadas de embates. O segundo, relacionado à conscientização, evolui vagarosamente, pois, ao contrário do que entendem os atores políticos, a resolução do problema não se dará apenas com investimentos para o fim dos lixões e a criação de aterros sanitários, mas mediante a construção de uma sociedade consciente no que diz respeito ao lixo que produz.

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Em artigo intitulado Transformar lixo em riqueza, publicado na Folha de S.Paulo (5/1), o professor Ricardo Abramovay, estudioso do assunto, destaca que o Brasil é uma sociedade do “jogar fora”. É fundamental, sobretudo considerando o crescente acesso de consumidores a bens e serviços, que o país se converta em uma sociedade saudável do ponto de vista do ciclo de materiais em que se apoia sua riqueza.

O terceiro passo, polêmico mas importante, é o de que todos os responsáveis pela geração de resíduos sólidos devem contribuir pela destinação adequada e reinserção do lixo em novos ciclos produtivos, objetivando práticas e métodos mais limpos, como já ocorre com pneus, óleos lubrificantes e respectivas embalagens, recipientes de agrotóxicos e baterias automotivas.

Isso é defendido por Cécile Petitgand, Juliana Speranza e também Ricardo Abramovay no livro Lixo Zero – Gestão de resíduos sólidos para uma sociedade mais próspera, no qual destacam a utopia em crer que as prefeituras um dia serão capazes de organizar e assumir sozinhas a coleta seletiva. Cabe a cada um fazer sua parte e dar os demais passos evolutivos da questão, sob pena de continuarmos na condição de uma sociedade do desperdício.

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