“Os movimentos sociais desde junho de 2013 mostram o desagrado da sociedade com mazelas como corrupção, ilegalidade, analfabetismo, pobreza. Mesmo que o foco seja o governo, essa cobrança acaba reverberando na iniciativa privada. Os cidadãos “online” estão mais mobilizados. Se houver distanciamento entre discurso e prática, as organizações estão fadadas à vulnerabilidade e ao risco de perder a reputação. A velha e retrógrada responsabilidade social filantrópica está com os dias contados frente aos olhares dos consumidores mais exigentes.
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A partir da cocriação (diferentes atores em prol de causas comuns) surgem os negócios com impacto social. O exemplo mais conhecido é o da Danone, que fez uma joint-venture com o Nobel da Paz Mohammed Yunus e garantiu inovação social ao produzir um iogurte mais nutritivo a um preço mais acessível às vilas de Bangladesh. No Brasil, Coca-Cola, Vivo, Basf e Danone também estão voltadas ao tema e possuem projetos com resultados semelhantes: escalabilidade; aumento da renda local; fortalecimento da autoestima. Do lado da empresa, ganham-se modelos de negócios mais inovadores, pois devido à limitação de recursos precisa responder com mais agilidade e criatividade às demandas locais.
Do lado da comunidade, aproveita-se o know how da empresa para alavancar soluções empreendedoras e gerar maior impacto social. Esses novos modelos de negócio significam grande avanço na geração de serviços essenciais, antes apenas demandados ao Estado. A sociedade civil ainda pode ter esperança nas mudanças vislumbradas nos clamores das ruas. Se a máquina estatal leva mais tempo para dar respostas, a iniciativa privada torna-se emblemática na construção de um novo Brasil – seu legado não será apenas quantos empregos gerou, mas quantos modelos de maior impacto social pôde cocriar.“