Um advogado foi preso na Oktoberfest Blumenau após proferir ofensas racistas a um segurança da festa. O homem foi expulso do evento ao se envolver em uma briga e, na saída do Parque Vila Germânica, fez as ofensas contra o trabalhador.

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O caso aconteceu na madrugada de domingo, no fim da festa, por volta das 3h. Conforme registrado em boletim de ocorrência, o folião estava trocando agressões com outras pessoas entre os pavilhões 1 e 2 e, por isso, foi imobilizado pelos seguranças. Os ânimos não teriam se acalmado mesmo com a intervenção e ele foi levado para fora, relatou ainda o profissional terceirizado em depoimento à Polícia Civil.

Quando já estava do lado externo, revoltado com a situação, o suspeito identificado como Luiz Henrique Eltermann Viotti xingou o funcionário. Um vídeo feito com a “body cam”, acoplada na roupa de um dos seguranças, exibe parte da ocorrência, no momento em que o advogado chama o funcionário de “preto filho da puta” e chuta a grade da Vila Germânica. A reportagem não teve acesso à íntegra das imagens, que estão com a Polícia Civil.

O vídeo, obtido pelo O Município Blumenau, mostra que ao ser avisado que iria responder por racismo e que as falas foram gravadas, o homem diz que é advogado e que a família dele “é grande”. Ele foi imobilizado novamente e, com a ajuda da Polícia Militar, levado à delegacia montada dentro do parque.

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O homem foi preso em flagrante por injúria, crime previsto no artigo 2º-A, da Lei nº 7.716/89. A juíza Horacy Benta de Souza Baby homologou a detenção na tarde de domingo, mas concedeu liberdade provisória ao advogado, que agora terá de cumprir duas medidas cautelares: a de comparecer em juízo mensalmente e a de não se ausentar da cidade por mais de uma semana sem aviso prévio.

Contraponto

Procurada pela reportagem, a defesa afirmou que não vai se manifestar.

OAB e organização da festa repudiam caso

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade emitiu uma nota de repúdio e disse que vai acompanhar o caso, ainda que até o momento não tenha sido comunicada oficialmente sobre o ocorrido. “Tais atos são inaceitáveis e contrários aos valores da igualdade, justiça e respeito que defendemos como instituição”.

A festa também lamentou o episódio, disse que medidas já foram tomadas e que agora o caso está com a Justiça.

Racismo na Oktoberfest

O caso de racismo na festa aconteceu um ano depois de um servidor público municipal e a enteada dele serem alvos de ofensas racistas na internet após publicarem fotos com roupas tradicionais da festa. O crime serviu de ponto de partida para a Polícia Civil deflagrar uma grande operação no início deste mês.

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A ação cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e, entre os alvos, há suspeitos de integrarem células neonazistas. O caso segue sendo investigado.

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