A presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), Margareth Hernandes, foi vítima de ataques virtuais após se manifestar sobre o caso de estupro registrado em Florianópolis na segunda-feira (31).

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Segundo Margareth, as ameaças começaram após um site distorcer uma publicação feita por ela sobre o caso. Ainda no sábado (5), a advogada passou a receber mensagens de ódio nas redes sociais.

— Hoje nem tive coragem de abrir. Tinha 20 solicitações de mensagens [no Instagram] e eu nem quero abrir. Eu fiquei mal com as coisas que eles falam e fiquei com medo — contou Margareth.

Uma das mensagens chama a advogada de “escárnio humano” e “lixo”. “Vai procurar uma coisa mais útil para fazer”, completou o texto. Já uma usuário do Twitter fez uma série de publicações criticando Margareth e em uma delas comentou o caso de estupro dizendo: “Bem feito, quem mandou ser esse ser nojento?”.

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A mensagem que motivou os ataques foi publicada na página pessoal da advogada. Na publicação, ela lamentou o ocorrido e criticou discursos de ódio que incentivam crimes brutais.

“É com profunda tristeza, que inicio o mês do orgulho LGBTQI com uma notícia deste timbre! (…) Mais um dia de violência no país que mais mata homo e transexuais no mundo. Essa violência que cresce assustadoramente com o incentivo de algumas igrejas, do presidente da República, de alguns prefeitos, governadores e parlamentares. Discursos de ódio são aplaudidos e por conta desses aplausos pessoas morrem de forma cruel, porque seus algozes se encontram legitimados por um governo genocida e homofóbico”, escreveu.

Na tarde desta segunda-feira (7), Margareth pretende registar um Boletim de Ocorrência contra os ataques. Ela também vai entrar com uma ação na justiça contra o site que, segundo ela, deturpou seu texto.

Com medo dos ataques, a advogada limitou os comentários de suas publicações no Instagram. O número de celular que era disponibilizado para o contato com ela também foi retirado do ar.

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Polícia investiga o caso

A tortura e estupro de um jovem estão sendo investigados em Florianópolis. O crime aconteceu na segunda-feira (31) e a suspeita da polícia é de que tenha sido motivado por homofobia. Segundo informações da Delegacia Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (​DPCAMI), que a assumiu preliminarmente o caso, a vítima teve a palavra “viado” tatuada em sua perna. A Polícia Civil não divulgou detalhes sobre o caso.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por meio das Comissões de Direito Homoafetivo e Gênero e do Direito da Vítima, classificou o caso como “crime bárbaro”. Em nota, a entidade afirmou que prestar apoio à vítima e aos familiares, além de acompanhar a investigação com a polícia.

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