Adriano Silva (Novo) foi eleito prefeito de Joinville no segundo turno das Eleições 2020 ao se apresentar como a alternativa para uma nova política e um novo modelo de gestão. O empresário teve 55,43% dos votos válidos e substituirá o atual prefeito Udo Döhler a partir de janeiro de 2021. Para o cientista político João Kamradt, o resultado mostrou que a cidade apostou em um nome iniciante na política, mas com um discurso nem tão novo.

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– Joinville escolheu um rosto novo, mas com uma mensagem já conhecida. Teremos um prefeito que é, claramente, iniciante na política, mas que traz um discurso semelhante ao que ouvimos oito anos atrás do prefeito Udo Döhler, com o mote de trazer uma gestão empresarial para o ambiente público – analisa.

O especialista recorda que o discurso de que um empresário é capaz de resolver os problemas da cidade já foi entoado em outras oportunidades com nomes diferentes na política joinvilense. Foi o caso de Wittich Freitag, na década de 1990, e de Udo Döhler, na década passada.

Kamradt avalia que é dicotômico o eleitorado buscar mudança em alguém com um discurso repetido. Segundo ele, o Novo se coloca como liberal na economia, mas o prefeito eleito já se apresentou como conservador nos costumes, se aproximando de uma parcela significativa da população joinvilense.

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– Esse não é o liberalismo na definição ideológica, então o Novo já bebe em fontes que são tradicionais do eleitor joinvilense. E o eleitorado confirmar isso mostra que Joinville continua uma cidade dominada pelos políticos de direita – destaca.

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Excesso de candidatos e rejeição dos adversários ajudaram na vitória

Joinville teve recorde histórico de 15 candidatos nas eleições de 2020 e, na visão do cientista político, 12 estavam mais posicionados no campo ideológico da direita. Para Kamradt, o nome do Novo conseguiu se descolar um pouco da política tradicional e se beneficou daquilo que já havia sido registrado na campanha de 2018, com Jair Bolsonaro e João Amoêdo, por exemplo.

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Mesmo sendo um nome relativamente desconhecido para o eleitorado de Joinville, Adriano também se beneficiou do excesso de candidatos, principalmente pelo tempo curto de campanha.

– Muitos desses candidatos tinham rejeição alta, então o grande número de candidatos e o tempo curto de campanha acabaram auxiliando o Adriano – explica Kamradt.

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O mesmo se repetiu no segundo turno, quando as pesquisas indicavam índice alto de rejeição para o candidato Darci de Matos (PSD). Apesar do recorde de abstenções registrado no último domingo (29), Adriano Silva conseguiu levar a maioria dos votos e garantiu a vitória para comandar a maior cidade do Estado pelos próximos quatro anos.

– Mesmo atrás das pesquisas, Darci de Matos não conseguiu mobilizar cerca de 40% dos eleitores de Joinville. Isso diz muito que ele não é um rosto também incrivelmente desejado pela população porque não conseguiu trazer as abstenções, brancos e nulos nas urnas para o seu nome – analisa o cientista político. 

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