Adriano Silva (Novo) foi eleito prefeito de Joinville no segundo turno das Eleições 2020 e exaltou durante a campanha que escolheu não formar coligação com outros partidos porque tinha como proposta uma nova forma de governar. No entanto, o cientista político Jeison Giovani Heiler avalia que esse será o grande desafio do próximo governante da maior cidade do Estado.
Continua depois da publicidade
> Quer receber notícias de Joinville e Norte de SC por WhatsApp? Clique aqui
ito claro no discurso do Novo é não fazer a velha política, ou seja, conchavos, mas tem que medir um pouco em que medida isso pode levar o partido ao isolamento, que na política é a pior coisa que um prefeito pode desejar – explica.
O partido elegeu três dos 19 vereadores que vão compôr a próxima legislatura na cidade, o que fica distante da maioria necessária para aprovar projetos que o prefeito julgue importante para o governo. Heiler explica que existe no Brasil a coalizão governista, tanto na esfera federal, quanto no âmbito estadual e municipal. Na prática, ela é formada com algum tipo de troca entre o governante e os partidos nos quais busca apoio.
> ‘Vamos governar para todos’, diz Adriano Silva após ser eleito prefeito de Joinville
Continua depois da publicidade
– Em um nível local, o prefeito costuma construir uma base através da articulação de secretarias. O grande desafio do novo prefeito será como construir essa coalizão se ele não vai convidar os partidos para participarem do governo através das secretarias. É algo que o Novo vai precisar reinventar. Vejamos se ele será capaz de fazê-lo – aponta o especialista.
Heiler entende que haverá um limite entre realizar as escolhas exclusivamente técnicas nos órgãos que são chave para o governo e compôr com outros partidos. O cientista político ressalta que os partidos nunca aceitam dar apoio a um prefeito por amor e sempre esperam algo em troca. O desafio será como Adriano Silva lidará com a situação.
> Printe e guarde: 10 propostas de Adriano Silva para cobrar do novo prefeito
Isolamento nos governos de Carlos Moisés e Fernando Collor
O especialista aponta que o isolamento é o pior cenário que um político pode querer e há casos que ilustram os problemas que podem surgir devido à escolha de se afastar dos demais partidos.
> Quem é Adriano Silva, prefeito eleito de Joinville nas eleições 2020
Ele cita a situação do atual governador de Santa Catarina, que optou em se isolar e não buscar a maioria na Assembleia Legislativa, e teve dois processos de impeachment aceitos pela Alesc. Em um deles, chegou a ser afastado do cargo e foi absolvido na esfera judicial, mas ainda há outro em tramitação.
Continua depois da publicidade
Já na esfera federal, houve o caso de Fernando Collor de Mello. Segundo Heiler, os analistas da época afirmam que o ex-presidente sofreu o impeachment, em boa medida, porque estava isolado no governo. Ele não quis uma grande coalizão e poucos partidos faziam parte de seu ministério.
– Ele também era de um partido novo, formado para as eleições de 1989 e acabou colhendo o resultado do impechment. Cabe ao Novo e ao prefeito Adriano Silva encontrarem uma forma para não repetir esse caminho do isolamento – aponta Heiler.