Joinville conhecerá seu novo prefeito em alguns dias. Ele poderá ser o deputado federal Darci de Matos, 58 anos, candidato pelo PSD que se candidata a prefeito pela terceira vez; ou o empresário Adriano Silva, 42 anos, que estreia não só na campanha pelo cargo mas faz sua primeira incursão na política agora, como candidato pelo NOVO.
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No primeiro turno, eles tiveram resultados que dificultam qualquer previsão: Darci conquistou 66.838 votos (25,30% do total); e Adriano conquistou 60.728 votos (22,98%), em uma eleição que contou com 15 candidatos em Joinville. Já na pesquisa realizada pelo Instituto Paraná de Pesquisas para o segundo turno, Adriano apareceu com 54,8% da preferência dos entrevistados, contra 29,7% de Darci de Matos.
Adriano Silva é formado em administração de empresas pela Mackenzie, com pós-graduação em marketing. Tornou-se presidente de uma empresa farmacêutica de Joinville em 2013. Há 16 anos atua como socorrista voluntário do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, onde também já foi vice-presidente. Fez parte da segunda turma do RenovaBR.
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Nesta entrevista exclusiva para o jornal A Notícia, ele falou mais sobre suas ideias e propostas.
Como é esse diálogo com os demais partidos que o senhor está prevendo no segundo turno?
Adriano – Estou aberto como eu quero estar aberto no governo depois para conversar sobre ideias e projetos. Tem muita que, de forma espontânea, está oferecendo ajuda, que quer apoiar sem troca de favor, e a gente pretende estar aberto para isso. Não posso ser uma ilha isolada. Nós temos que pensar no amanhã, na governabilidade, e é fundamental agora. O NOVO não faz coligação e não faz troca de favor de jeito nenhum. Então, as pessoas que estão querendo me apoiar são as pessoas que acreditaram no projeto, e sobre isso não vou ser contra jamais.
No primeiro turno, o Novo ficou em terceiro lugar em duas zonas eleitorais, ao Sul (76ª) e na região de Pirabeiraba e dos bairros Jardim Paraiso, Jardim Sofia e parte do Aventureiro. O que fazer para melhorar o desempenho nessas regiões?
Adriano – No primeiro turno, a gente tinha 13 segundos de televisão. Nós focamos em fazer uma campanha franciscana, e estar de 12 a 20 visitas por dia a pessoas. Então começamos por onde éramos conhecidos e fomos abrindo um círculo de conhecimento, e nos tornando conhecidos nas áreas. E isso reflete também aonde a gente conseguiu estes votos. Agora, com o tempo de televisão, a gente vai conseguir ser propositivo, mostrar as propostas, o projeto, então com certeza isso nos dará uma abrangência maior, para alcançarmos locais onde a gente não conseguiu alcançar. Muita gente chegou ao final do primeiro turno sem saber que o Adriano Silva existia. Muita gente veio falar “olha, não votei em você porque eu nem sabia que você existia”. O meu Instagram saiu de 10 mil para 18 mil seguidores de ontem para hoje, de gente buscando, querendo conhecer, perguntando sobre o plano.
Pela condição de ser o único candidato do Novo que alcançou o segundo turno, e com a votação expressiva dos candidatos a vereadores, com três eleitos para a Câmara, virão lideranças nacionais para o segundo turno? Haverá uma colaboração?
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Adriano – Sem dúvida. O partido NOVO nacional está olhando e nos ajudando muito no sentido de estruturar nosso processo seletivo caso a gente venha a ganhar, no mesmo modelo que o Romeu Zema criou em Minas Gerais e que deu super certo. Afinal, a gente faz processo seletivo para montagem do time, e isso já estamos estudando para executar, porque o governo de transição é muito curto. Esse é um problema sério que a pandemia ocasionou para quem for ganhar porque é pouco tempo para a transição.
Um dos temas centrais da campanha eleitoral foi a reforma administrativa, com cortes de cargos, de secretarias… O senhor afirmou que pode fazer uma reforma administrativa. Por que esta cautela?
Adriano – Eu sou administrador, toco uma empresa há muito anos e não se planeja uma empresa de fora para dentro. Nós temos ideias, nós temos objetivos, mas eu tenho que estar lá e ver qual é a dinâmica das secretarias. Acabamos de passar por reformas administrativas importantes dentro da prefeitura, temos que ver como isso se consolidou, como está sendo ditado no dia a dia, e aí poder dizer de que forma será a reforma administrativa. Acho irresponsável dizer agora “vamos cortar”, “vamos mudar”, sem entender a dinâmica do dia a dia.
O senhor citou a experiência de Minas Gerais para a escolha dos cargos comissionados. Digamos que, no seu eventual governo, são 505 cargos — claro, imagino que nem todos tem a necessidade de preenchimento imediato —, mas como vai funcionar esse processo seletivo? Por exemplo, o processo seletivo do NOVO, pelo qual inclusive o senhor foi escolhido, não é tão rápido assim. Como funciona a escolha destes ocupantes, dos secretários e dos demais escalões?
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Adriano – Vamos supor que eu vença. No primeiro ou segundo dia, logo em seguida, a gente já pões um edital dando a sequência de como as pessoas podem se inscrever para ocupar os cargos para os quais precisamos dar sequência imediata na contratação. São, claro, os cargos de primeiro escalão, para justamente, a partir dali, eles, com autonomia, construírem o seu time através do mesmo processo. Ou seja, o primeiro escalão eu monto, o segundo escalão o secretário monta, e dessa forma a gente vai montando o time para conduzir a prefeitura em 2021.
O senhor defende uma reforma da previdência em âmbito local?
Adriano – Existe a necessidade da adequação da previdência à lei federal, então essa questão do servidor, dos 11 ou dos 14% de alíquota, que é polêmica, a gente entende que é uma adequação à lei federal. Então tem que continuar a ser discutido. Discutindo isso a gente já consegue sanar muitos dos problemas futuros do déficit atuarial do Ipreville e, mais à frente, a necessidade de outros pontos a serem discutidos.
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A ideia de passar a gestão do Hospital São José para uma organização social, será “startada” já no início do seu eventual governo?
Adriano – Sim, ela deve ser até porque tem que ter projeto de lei, então isso precisa passar pela Câmara de Vereadores. Não é um processo rápido, é de médio prazo. A gente estima de dois a três anos para uma implantação. Agora, implantando isso, conseguimos ganhar eficiência no hospital e, a longo prazo, os próximos prefeitos terão um custo muito menor do hospital para Joinville. Hoje, Joinville tem um orçamento extremamente engessado, pouco dinheiro para investimento em infraestrutura, e se outros prefeitos já tivessem feito isso, a prefeitura hoje estaria em uma condição muito melhor em termos de arrecadação e em verbas já alocadas. É um legado que a gente estaria deixando para as futuras gestões políticas de Joinville. Eu, sendo prefeito, verei a eficiência da gestão, as compras mais rápidas, a manutenção de equipamentos de forma imediata, o servidor dentro do hospital verá o ambiente de trabalho muito melhor, por ganhar em agilidade.
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Nos últimos anos houve algumas ampliações de parcerias de cessão de serviços na área de saúde, como na ortopedia e na radioterapia. O que o senhor pretende fazer, manter essas parcerias?
Adriano – Manter e acelerar, porque a pandemia causou um aumento significativo nas filas de espera. Principalmente nas cirurgias eletivas, já que os hospitais estão dando prioridade para a Covid-19. Então, só vamos conseguir diminuir essa fila com parcerias nos hospitais privadas, fazendo corujão, usando horários em que estas salas estão ociosas. Descarregar estas filas nestes horários para dar condições para o município diminuir estas filas sem prejudicar o atendimento emergencial do São José. Ele tem sete referências e as sete estão ligadas diretamente à emergência. Você não consegue ter um plano de ação especializado para ele porque são sete situações que são imprevisíveis. Você não pode alocar uma sala de cirurgia e dizer que é exclusiva para as seletivas. Se bate um carro e tem seis feridos, eles terão prioridade no atendimento.
Há algum projeto, proposta dos adversários no primeiro turno que o senhor incorporaria ao seu plano de governo?
Adriano – Não, nenhuma que tenha me chamado a atenção. Mas o partido NOVO ele não personifica nem personaliza a política, nós trabalhamos em cima de ideias e projetos, então todas as ideias e projetos que são boas para a cidade nós vamos dar sequência. Projetos que estão dando certo serão mantidos e onde tem que melhorar vamos melhorar.
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É possível deixar a tarifa do ônibus mais barata?
Adriano – Existem alguns modelos que estão sendo editados em outras cidades que são mais enxutos em linhas específicas. Você tem a linha normal, aquela que passa na frente da casa da pessoa, que é o serviço que faz o atendimento a regiões pouco povoadas, e isso acaba custando alto, mas ter serviços de terminal a terminal, com horários específicos de saída, no qual ou o cidadão deixa sua bicicleta no próprio terminal ou acopla a bicicleta no ônibus. E esses ônibus conseguem ter uma tarifa menor justamente por estarem se deslocando em horários determinados e cheios. Então, eles passam a ser mais eficientes. Trazer este tipo de projeto, mesmo que seja como piloto, para tentar achar outros modelos para justamente baixar o custo.
Se o senhor chegasse na prefeitura em janeiro de 2021 e tivesse recurso disponível que tivesse que ser usado, obrigatoriamente, em um parque. Onde o senhor faria esse parque, se é que o senhor concorda que existe a necessidade de mais um parque?
Adriano – O nosso projeto é transformar toda a orla do Cachoeira no grande parque da cidade. Isso já está acontecendo, de certa forma privada, com a compra do Moinho pela Fiesc, que vai dar uma transformação muito importante nesta região. Cabe à prefeitura olhar o entorno do Mercado Municipal e ajudar a Ciser a montar o parque linear que eles sempre projetaram na área deles. Fazer com que, a médio e longo prazo, esta área seja transformada em um grande parque. Com o distrito criativo, que é o ressignificar o Centro, fazer dele um ambiente também para passear, visitar e caminhar. Eu sou contra fazer um parque longe do Centro. Você vai levar 30 minutos para chegar no parque, terá um custo alto de manutenção ao município, e o joinvilense, com mais de 30 minutos de trajeto, vai à praia.
Qual a obra de mobilidade mais necessária, na sua opinião?
Adriano – Por tudo o que eu estudei, nós vemos que o principal gargalo da mobilidade joinvilense passa por um erro urbanístico de Joinville, que é o Distrito Industrial Norte e a Área de Expansão Região Sul. Você tem a população da zona Sul se deslocando todos os dias no mesmo horário de lá pra cá. Estes eixos principais Norte-Sul são fundamentais para serem estudados na prefeitura e para dar sequência. Então, a ponte do Adhemar Garcia é uma obra importantíssima, principalmente para os bairros Adhemar Garcia, Paranaguamirim, Ulysses Guimarães. É uma solução para as pessoas fugirem da Monsenhor Gercino, da Guanabara. Outra que é uma questão muito mais de representativa política, e cabe ao prefeito e aos seus deputados estaduais e federais, brigarem por isso, é a marginal da BR-101. Itajaí já está conseguindo ter uma marginal que liga a cidade, Florianópolis passará a ter, e em Joinville é fundamental, porque você poderia estar usando as marginais como um eixo rápido de deslocamento Norte-Sul.
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Como será a atuação da sua vice, Rejane Gambin, em caso de governo do Novo?
Adriano – Eu conheço a Rejane há muitos anos. Sempre estivemos envolvidos em ações sociais, eu pelo Bombeiro Mirim e ela fazendo a parte jornalística na Central Solidária, e a gente foi criando essa admiração um pelo outro. Eu a convidei justamente por ela conhecer a cidade como um todo, saber os bairros como um todo, e gostar de pessoas. Então, o trabalho dela será fundamentalmente fazer essa conexão entre a comunidade e o prefeito. A primeira tarefa de casa dela será entrar em todas as secretarias, conversar com os servidores; e, em seguida, ter este canal com a população de Joinville, através das entidades de assistência social, e tantas outras associações e entidades.
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