Quando o Inter entrar em campo nesta terça, às 14h, contra o Mazembe, um torcedor especial estará sentado no sofá diante da televisão. Se hoje é um torcedor, quatro anos atrás ele se transformava no grande herói da história colorada. E, para Adriano Gabiru entrar para sempre na memória do clube, foram necessárias apenas duas pequenas frases. Suficientes, porém, para injetar ânimo e garra que o colocaram para galeria do Internacional.
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– Vai lá e mostra o que você sabe. Confio em ti.
O recado sucinto, direto e, acima de tudo, confiante do técnico Abel Braga foi de uma energia indescritível para Adriano Gabiru, autor do gol do título mundial em 2006 sobre o Barcelona. De criticado a herói do título mundial, o atleta, que já defendeu o Brasil no Pré-Olímpico de 2000 e na Copa das Confederações em 2003, hoje mora em Curitiba, onde treina para defender em 2011 o Corinthians Paranaense.
Embora não tenha mais contato com o grupo colorado, Gabiru confessa que não tem como esquecer os momentos vividos naquele grupo e demonstra humildade, priorizando a força do coletivo na conquista:
– Eu não sou herói sozinho. Todos foram heróis. Eu fiz o gol, mas todo mundo batalhou.
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A pergunta é quase inevitável. Quem seria o novo Gabiru? Mas o atleta, diplomaticamente, evita responder sob o argumento de que o time é quem vai definir o seu sucessor. Ou seja, quem vai carimbar a rede adversária em nome do colorado:
– Isso eu não sei. Eu fiz a minha parte. Agora é com eles.
Com sua maneira simples, Adriano não traça nenhum paralelo entre os times de 2006 e 2010. Admite ter visto poucas partidas do time, “apenas algumas no Brasileiro”, mas vai torcer pelo grupo, principalmente pelos ex-colegas.
– Joguei junto com o Bolívar, o Sobis e o Tinga na Libertadores. E com o Renan, o Clemer (atual preparador de goleiros) e o Índio ainda venci o Mundial. Vou torcer muito. Sou colorado, gosto do Inter. E é o Brasil. Não tem como torcer contra.
A modéstia parece fazer parte dos traços do eterno camisa 16 do Mundial em Yokohama. Ao contrário do que afirmam muitos atletas, o meia admite que não imaginava fazer o gol mais importante dos 101 anos da história do Inter:
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– Eu nem sabia se jogaria no Mundial. Imagina sonhar em marcar o gol?
O gol diante do Barcelona começou a se desenhar aos 31 minutos da segunda etapa. Fernandão, principal referência do time, pediu para sair. Abel chamou o jogador que já havia trabalhado com ele no Atlético-PR e no Olympique de Marselha. E deu, mesmo sem saber, a injeção de otimismo que faltava ao atleta.
E foi o que ocorreu naquela gélida noite no Japão. Seis minutos depois, Adriano colocava a bola no canto esquerdo de Victor Valdés, sem chances para o goleiro do time catalão. Após o lance, foi só beijar a aliança, agradecer aos céus e esperar o abraço dos companheiros.

Em vez de guardar a camisa, acabou trocando com Deco, meia luso-brasileiro, eleito melhor jogador do torneio. Para ele, a camisa é só um objeto. O gol, porém, estava marcado e entrava para sempre na história do clube da Capital:
– Não adianta ficar com camisa. Aliás, entrego todas que eu tenho. Essa do Deco até foi doada. O que eu fiz já está gravado.
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A passagem pelo Inter ainda deixa marcas no coração do meia. Afirma que o carinho recebido após o Japão, quando a torcida cantava “Uh! Uhu! Me perdoa, Gabiru!” é muito tocante. Porém, não visita a cidade desde 2008.
– É muito legal cada vez que vou para Porto Alegre. Sempre sou muito bem recebido e recebo carinho de todos que encontro.

Contratado no início de 2006 por US$ 2 milhões por 50% dos direitos junto ao Atlético-PR, foi, sem dúvida, o investimento mais rentável do clube.
Em 2007, entretanto, recebeu algumas oportunidades, mas não emplacou. Em 44 partidas pelo Inter, marcou sete vezes. Acabou emprestado para o Figueirense ao final do Gauchão. No mesmo ano, jogou no Sport, onde também ficou por um curto período. Disputou o Brasileirão de 2008 pelo Goiás, mas, em 13 jogos, não fez nenhum gol.
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Pouco antes de completar dois anos da conquista do Mundial, sem se firmar em clube algum, acabou dispensado pelo Inter, um ano antes do término do seu vínculo. Rodou por Guarani, na campanha que colocou o Bugre de volta à Série A, Mixto-MT – onde só ficou por 40 dias -, até ser contratado, no final de outubro, pelo Corinthians Paranaense. Seu acordo com a equipe vai até o final do estadual.
Com 33 anos, não pensa em parar. Muito menos, o que fará assim que decidir se aposentar.
Mas, se quiser, pode passar o resto dos dias autografando camisas e batendo fotos com os colorados. Afinal, no coração da metade vermelha do Estado, Adriano Gabiru está marcado para a eternidade.
O Inter enfrenta o Mazembe nesta terça-feira, a partir das 14h (horário de Brasília). A RBS TV transmite ao vivo e clicEsportes acompanha no minuto a minuto.
