Ela não tem nada contra ser chamada de “celebridade”.

– Me considero uma mulher que trabalha muito e que é um trabalho absolutamente exposto. Faço televisão, teatro, rádio? – diz, com uma voz segura.

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Também tem preocupação com questões sociais, como o avanço da Aids entre os jovens, possui até um projeto para arrecadar dinheiro e investi-lo no combate à doença que levou seu irmão. Sobre o romance com Ayrton Senna diz que é um livro já fechado. Hoje curte a gravidez ao lado do namorado Alexandre Iódice.

Pergunta – Você teve uma infância difícil, enfrentou muita barra pesada. Que lição você tirou disso?

Adriane Galisteu – As melhores, por incrível que pareça. Hoje eu olho para trás e vejo como cresci nos piores momentos. Não sei se isso é da minha história, mas aprendo muito mais com a dor do que com momentos de alegria. Tirei grandes lições, tinha que ter passado por tudo isso mesmo. A vida passa, dá rasteira na gente, por isso temos que viver intensamente, mas respeitando nossos limites e os mistérios dessa vida.

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Pergunta – Hoje você frequenta o jet set brasileiro, é uma profissional respeitada. Mas você já enfrentou algum preconceito?

Adriane – O preconceito faz parte do ser humano, é inevitável, infelizmente. Loira encontra preconceito, gordo, pobre, rico, negro, gay. Inclusive tenho um projeto, A Cara da Vida, que é para fazer com que as pessoas se preocupem mais com a Aids. De uns tempos para cá – não sei se por causa da eficácia de alguns medicamentos -, as pessoas banalizaram um pouco a doença. Comecei essa campanha no ano passado e continuo com ela este ano. Todo o dinheiro arrecadado é doado para o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, para que os pacientes tenham uma qualidade de vida melhor. Nós não podemos salvar ninguém, os medicamentos só estão dando uma sobrevida às pessoas? é bom lembrar que ainda não há cura para a doença.

Pergunta – Você viveu um drama na sua família por causa da Aids?

Adriane – Sim. Perdi um irmão em 1986. Naquela época, tinha-se um pavor da doença, ninguém entendia muito. A única referência que nós tínhamos era o Cazuza. Por isso, me senti na obrigação de levantar a bandeira de combate à Aids novamente. É triste ver tantos jovens sem usar preservativos e também ver pessoas acima de 60 anos se contaminando.

Pergunta – Desde pequena você vive sob os holofotes, não cansa se expor tanto… perder a privacidade?

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Adriane – Eu não encaro assim. Eu fui conhecida por meio da minha vida pessoal. Quando mais precisei – que foi na época da morte de Ayrton Senna -, esta fama me ajudou. Hoje carrego a história do Ayrton como um escudo e não como um fardo. Mas essa história é um livro que encerrei a última página há tempos, porém guardo com muito respeito no meu coração. Eu não cheguei sozinha aonde estou. Agora, que eu conquistei o meu espaço, não digo: ?quero distância da imprensa?. Não consigo virar as costas para as pessoas e os amigos que me ajudaram.

Pergunta – A morte de Ayrton Senna, seu namorado na época, foi traumática para todos, como você superou esse drama?

Adriane – Como a do Senna, eu não esqueço as mortes do meu pai, do meu irmão, da minha vó, que me criou. Essas pessoas fazem parte da minha vida e vão fazer eternamente, mesmo que não estejam aqui. Não tem um dia que eu não me lembre do que aconteceu na minha vida (com Senna). Guardo essa história com carinho e respeito no coração. Mas hoje a minha vida é muito diferente. É difícil perder um ente querido, parece que a gente nunca mais vai voltar ao normal, mas é possível.

Pergunta – Você sente alguma mágoa com relação à família do piloto?

Adriane – Não tenho mágoa nenhuma, não alimento isso. Morro de medo de ter um câncer alimentado pelo rancor e pela vingança. As pessoas que vivem com mágoa, chateadas, rancorosas, têm mais tendência a desenvolver esse mal.

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Pergunta – Gravidez, enjoo, desejos, como anda sua rotina de mamãe à espera do bebê?

Adriane – Tudo que você falou ainda não vivi (risos). Por enquanto, só estou grávida. Não enjoei e nem tenho desejos. Estou esperando muito o momento de acordar o marido (o empresário Alexandre Iódice) no meio da noite e pedir para ele comprar alguma coisa bem estranha (risos). Estou levando a gravidez muito a sério, mas, ao mesmo tempo, me permitindo a todas as mudanças que estão acontecendo comigo, não só fisicamente, mas psicologicamente, pois é uma mudança brutal. Achava que essas mudanças viriam só depois do nascimento do neném, mas não é verdade. Antes, você já começa a repensar vínculos, valores, a sua história, como será daqui pra frente, apesar de tocar com muita normalidade a minha gravidez. Não quero grandes mudanças, não quero fazer um ambiente com frescura, quero uma vida simples, como o respeito aos mais velhos, e com muito amor para ele. O nome dele é Vittorio. Estou agora com seis meses.

Pergunta – Como é sua batalha para combater eventuais estrias ou aumento de peso nesses dias?

Adriane – É difícil. Mas estou me permitindo a algumas coisa, apesar de não ser mais uma garotona (risos) – não estou me chamando de velha, terei meu filho aos 37. Mas é diferente o metabolismo de uma mulher aos 37 anos do de uma com 27. Hoje, tudo que como reflete no meu peso e no meu corpo. Claro que tenho me controlado de uma maneira absolutamente saudável. Tenho vivido a angústia de todas as mulheres grávidas, mas encaro esses problemas com normalidade. Não estou me pesando a toda hora, não estou ficando neurótica com o corpo e isso é uma boa mudança: me permitir relaxar, dormir muito. Quanto à preocupação com estrias, isso é fato. Tenho quase todos os cremes contra estrias, a começar pelo famigerado óleo de amêndoa até os importados.

Pergunta – Você se considera uma celebridade?

Adriane – Muita gente tem medo dessa palavra. Celebridade virou motivo de chacota por uma série de razões, mas não consigo dar outro nome para esta fama. Me considero uma mulher que trabalha muito e que é um trabalho absolutamente exposto. Faço televisão, teatro, rádio? tenho uma vida na área de comunicação. Não tenho nada contra o termo celebridade.

Pergunta – Como você lida com a passagem do tempo, sendo uma mulher que se afirmou pela imagem?

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Adriane – Lido da maneira mais normal, possível, assim como encaro a gravidez. Ninguém foge do envelhecimento. Agora, você pode envelhecer bem ou não, é uma opção de cada um. Vou procurar envelhecer bem, me alimentando bem, dormindo bem, tentando ter uma vida saudável, mas sem maluquices. Até hoje, eu fugi do bisturi, nunca encarei uma cirurgia plástica, nem o tal do silicone, que todo mundo me perturbou tanto para colocar e agora eu estou com o peito enorme e digo para eles: tá vendo, vocês me encheram o saco para crescer os peitos e olha eles agora (risos). Lá na frente eu posso até encarar um bisturi. Mas acho errado meninas com 20 anos partirem para a cirurgia em vez de fazer ginástica.