O Taiti recebeu honrarias de campeão do mundo em Pernambuco. Foi adotado pela torcida do Íbis, que criou a facção “Taitíbis”. Levou centenas de recifenses e jornalistas ao seu hotel, na beira da Praia de Boa Viagem. Foi ovacionado antes, durante e depois do jogo na Arena Pernambuco diante do Uruguai. Seus jogadores nunca havia passado por nada parecido em suas vidas na Polinésia Francesa.

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A derrota por goleada não desanimou os 22.047 torcedores que foram ao estádio, fora uma pequena e ativa minoria de fãs uruguaios. Já seus adversários sul-americanos viram tudo com espanto. Na semana passada, contra a Espanha, a Celeste era a queridinha do torcedor.

Cada vez que os atletas da seleção da Oceania pegavam na bola, a torcida gritava, assoviava e aplaudia. Delirava a cada boa jogada e um bom passe. O pênalti que Meriel defendeu foi festejado como a conquista de um título. Quando os estrangeiros conseguiam dar dois, três toques na bola, os gritos de olé brotavam das cadeiras.

Depois do sexto gol, o nordestino cantou, fez coro e lembrou-se do jogo entre Brasil e Uruguai pela semifinal da Copa Libertadores da América:

– Ô Uruguai pode esperar, a tua hora vai chegar.

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O final da partida ganhou o momento mais emocionante. Quando o árbitro português Pedro Proença, considerado um dos melhores do mundo, apitou o final da última partida da Arena do torneio, os reservas entraram em campo correndo, agitando várias bandeiras brasileiras. Logo apareceu uma faixa: “Obrigado Brasil”. Alguns torcedores se emocionaram. O Taiti não será esquecido:

– O que passamos no Brasil foi mágico e maravilhoso. Quero guardar a emoção para sempre – disse o técnico Eddy Etaeta, bastante comovido. Ele fez questão de apertar a mão de alguns jornalistas brasileiros depois da entrevista coletiva para mostrar toda a sua gratidão.

No retorno à Polinésia Francesa, os taitianos voltarão discutindo os 24 gols que sofreram em três rodadas. O número de gols não importa se a experiência tiver sido válida, se os taitianos começarem a gostar mais de futebol, se um garoto pedir uma bola de futebol ao pai no dia do seu aniversário, se os empresários começarem a investir em campos e centros de treinamento e se a Fifa mantiver seu projeto de ajudar os países que desejam desenvolver o esporte.