Três adolescentes suspeitos de participar do assassinato do haitiano Fetiere Sterlin, 33 anos, foram apreendidos na tarde desta quinta-feira em Navegantes. Entre eles está o jovem de 17 anos que assumiu a autoria do crime e chegou a ser liberado por falta de vaga nos Centros de Atendimento Socioeducativo Provisório (Caseps) do Estado – o de Itajaí está interditado desde abril deste ano. O trio será encaminhado para as unidades de Joinville e Blumenau.
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Conforme a Polícia Civil, um adolescente de 14 anos também foi apreendido em função do crime, mas permanece solto por falta de vaga. O homem de 24 anos, preso na quarta-feira, já foi conduzido ao presídio da Canhanduba, em Itajaí.
O delegado Rodrigo Coronha afirma que a linha de investigação é a de homicídio qualificado por motivo torpe e sem condições de defesa. Na quarta-feira, após ouvir o adolescente que assumiu o crime, o responsável pelas investigações havia descartado a hipótese de crime de ódio. Porém, afirmou nesta quinta que a motivação ainda não está clara.
– Já ouvimos 14 pessoas, mas têm ainda muitas para serem ouvidas, entre elas a namorada do adolescente – acrescenta o delegado.
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Adolescente confessou assassinato
O jovem de 17 anos que assumiu o assassinato contou à polícia que o haitiano teria assediado sua namorada e que os dois teriam discutido. Como o Fetiere estava em um grupo maior, o adolescente reuniu alguns amigos e retornou ao local onde estavam os imigrantes, no bairro Nossa Senhora das Graças, para um acerto de contas.
Conforme Coronha, o jovem ainda sustentou no depoimento que estava alcoolizado e foi agredido por Fetiere durante a discussão. A versão difere da relatada pela mulher da vítima, a brasileira Vanessa Nery Pantoja. Segundo ela, o casal ia a uma festa no bairro com amigos, também de nacionalidade haitiana, quando três pessoas passaram pelo grupo gritando frases em crioulo – entre eles, o termo “macici”, gíria para gay.
– O meu marido disse apenas “macici são vocês”. Isso foi motivo para eles o jurarem morte. Uns 10 minutos voltaram em umas 10 pessoas e foram pra cima da gente – conta.
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Para Vanessa, a versão contada pelo adolescente que assumiu a autoria do crime é mentirosa. De acordo com ela, quando ele passou pelo grupo estava acompanhado por outros dois jovens e não por uma mulher.
– Isso é mentira, é equivocado o que ele falou. Não existe essa possibilidade. Foi xenofobia sim, foi racismo. Tem cinco testemunhas para falar isso. Eles não chegaram discutindo, chegaram golpeando – garante.
Outro ponto que ainda precisa ser apurado é o roubo do celular que estava com Fetiere – o adolescente negou que o grupo tenha levado o aparelho.
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Sepultamento será nesta sexta-feira
Quase uma semana após o crime, o corpo do isolador naval Fetiere Sterlin será sepultado nesta sexta-feira em um cemitério particular da cidade. O velório ocorrerá a partir do meio-dia na capela próximo a igreja matriz, no Centro. A previsão de enterro é às 15h.
Assassinado a facadas no sábado à noite, o corpo de Fetiere só foi liberado na tarde de quarta-feira pelo IML de Itajaí. A família também teve que aguardar o encontro de uma vaga em um cemitério de Navegantes.