Um cartaz com a frase “Você nos entende” era imposto como bandeira por cinco pré-adolescentes na tarde de terça-feira, na 10ª Feira do Livro de Joinville. Nas mãos de outras dezenas, sacolas com pelo menos seis ou sete publicações na esperança de que pelo menos um toque da autora as carimbasse. Na agitação do público que aguardava em fila para abraçar, beijar, tirar uma foto, dizer que ama e, claro, receber um autógrafo de Thalita Rebouças, dá para entender por que a autora vem sendo convidada pelo evento nos últimos quatro anos.
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Tem sido difícil para ela atender a tantos pedidos de participações em feiras e eventos literários por todo o País. Em bienais, sua presença causa tumulto capaz de atrapalhar o funcionamento de estandes de outras editoras. As visitas às escolas hoje são raras devido à impossibilidade de atender a um volume mensal de 30 a 40 convites. Talvez isso explique o furor causado por sua aparição em Joinville – a segunda, depois do lançamento de “Era uma Vez, Minha Primeira Vez” em 2011.
Thalita virou amiga de adolescentes, embora sua carteira de identidade registre 39 anos – quase imperceptíveis, é verdade. No Teatro Juarez Machado, onde participou de dois bate-papos com a garotada, a identificação ficava ainda mais evidente. As dezenas de livros publicados não eram só o foco de curiosidade. Perguntas como “qual é o seu signo?” e “para qual time você torce?” avançaram um território íntimo que Thalita deixou livre desde que assumiu a missão de ser porta-voz de um público carente por uma literatura própria.
– Ser adolescente é muito intenso e eu me orgulho de fazer companhia para vocês – disse ao microfone.
Não fosse a pressa para embarcar no voo para o Rio de janeiro, Thalita poderia atravessar a noite respondendo aos donos das mãos que não paravam de levantar. Entre elas estava a designer de moda Rebeca Torres Schalm, de 26 anos, que, em meio às discussões sobre primeiro amor, primeira vez e uma porção de “fala sério”, achou-se nas crônicas de “Adultos sem Filtro”, o último escrito por Thalita.
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– Eu ria tanto quando estava lendo que minha mãe, com 50 anos, quis emprestado e adorou – lembra Rebeca.
Thalita divulga a campanha Ler É Bacana desde que deixou a carreira de jornalista para criar histórias há 13 anos. Para ela, os órfãos de sua literatura certamente continuam fiéis aos livros.
– Por mais que nesses encontros eles queiram mesmo é saber sobre os meus personagens, sei que eles criam o hábito de ler e que continuarão procurando outros autores – explica a fã de José Saramago.
Thalita conta que seu público-alvo, que não é só formado por meninas, foi sendo moldado ao acaso. O primeiro lançamento, “Traição Entre Amigas”, deveria atingir a faixa dos 18 a 25 anos. Quando começou a receber retorno de leitores menores, com a mesma afirmação do cartaz na Feira do Livro, Thalita se deu conta de que a forma bem-humorada com que lidava com o cotidiano atraía esta fase de descobertas. A série que veio em seguida é toda focada neste público, para quem a carioca chegou a lançar três em um único ano.
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O ponto alto do bate-papo foi a declaração da continuidade de “Ela Disse, Ele Disse”, um dos preferidos da garotada presente, em parceria com o ilustrador Maurício de Sousa, com lançamento previsto para setembro. Atualmente, Thalita também se dedica a dois roteiros de cinema e a um musical.