O adolescente de 12 anos que sonha em ser bombeiro reencontrou seu novo amigo, na tarde de segunda-feira. É um menino de cinco anos, que ele resgatou na Lagoa da Conceição, no domingo. A visita no Hospital Infantil Joana de Gusmão foi de poucas palavras e muita emoção.

Continua depois da publicidade

O olhar gentil e pensativo de Luiz Felipe de Almeida, 12 anos, ficou turvo pelas lágrimas, no momento em que reencontrou o pequeno Renan André Dutra Coff de Araújo, de cinco anos. Acompanhado da mãe, Valéria Maria da Rosa, Luiz foi visitar o menino no local de internação.

Assista ao vídeo do reencontro

No trajeto, fitava a paisagem pela janela, como se refletisse pela primeira vez sobre a importância do salvamento que havia feito.

Continua depois da publicidade

Quando entrou no quarto, Luiz Felipe tinha a cabeça baixa. Abatido e assustado, Renan escondeu o rosto com a coberta, mas espiou.

– Você lembra dele, Renan? – perguntou a enfermeira, carinhosa.

– Lembro – Renan assentiu, tímido.

Renan estendeu a mão ao abraço

Depois, estendeu a mão para que Luiz Felipe o abraçasse. Sem palavras, ficou explícita a gratidão do menino e o alívio do adolescente.

Na despedida, a promessa de Luiz:

– Fica bem, tá? Eu vou voltar.

Salvamento precisa de ajuda profissional

De acordo com o tenente Sandro Fonseca, do Corpo de Bombeiros, a atitude de Luiz Felipe foi louvável e heroica, mas não deve ser encorajada, porque é muito perigoso arriscar um salvamento sem a ajuda profissional.

Continua depois da publicidade

Águas calmas e local raso

Sandro enfatiza que muitas pessoas acabam se afogando ao tentar resgatar alguém sem conhecimentos.

– A situação era mais tranquila, pois eles estavam numa lagoa e o local era raso. Dava pé para o menino maior, o que facilitou bastante. No mar, além de saber nadar, é preciso conhecer as correntes e as técnicas de resgate. Não é fácil nadar carregando outra pessoa – enfatiza.

“Não tinha areia, só água”

As lembranças de Renan ainda estão confusas. Quando fala do afogamento na Lagoa da Conceição, abre bem os olhos, assustado. Ele estava na praia com o irmão mais velho e outras crianças quando aproveitou um descuido dos familiares para se aventurar pulando do trapiche.

– Eu pulei no mar, mas não tinha areia, tinha só água – recorda.

O avô, Jacinto Ferreira Paiva, contou que o acidente aconteceu num momento de distração, quando tinha ido ao banheiro. Por sorte, Luiz Felipe estava perto e conseguiu tirar o garoto da água antes que fosse tarde.

Continua depois da publicidade

– Ele tava boiando e dava para ver só o calção. O meu primo que me avisou, achando que ele tava morto. Eu falei que não, né, ele devia estar só brincando, mas fiquei esperando pra ver se ele levantava – lembra Luiz Felipe, que levou o garoto já inconsciente para a areia, onde recebeu a ajuda de outros banhistas até a chegada do Corpo de Bombeiros.

Agradecido, o avô de Renan deu um abraço forte em Luiz Felipe quando o encontrou na saída do hospital.

– Que Deus te abençoe, viu? – disse, emocionado.

Em observação

De acordo com o setor de enfermagem do Hospital Infantil, o quadro de Renan é estável, mas, como engoliu muita água, o menino ainda está com dificuldades para se alimentar e vomita o que come. Por esse motivo, permanece em observação, mas deve receber alta nesta terça ou quarta-feira.

Continua depois da publicidade

Saiba como proceder em casos de afogamento

::: Manter a calma e só entrar na água caso saiba nadar e conheça bem a área.

::: Procurar um guarda-vidas e telefonar imediatamente para os bombeiros (193).

::: Jogar uma boia ou algo que flutue para a pessoa se agarrar.

::: Se a vítima estiver consciente, uma corda pode ajudar no resgate.