No ringue ela é Morena. Em casa, Nicole. Desde muito cedo a garota de 16 anos aprendeu a encarar as lutas da vida. De sete filhos, é a do meio. Vem de uma família humilde. Não é acostumada com luxo, mas em matéria de amor é milionária. Como muitos adolescentes, é uma grande sonhadora. E para realizar o que almeja conta com a solidariedade de terceiros.
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Nicole Victória de Oliveira trocou São Paulo por Santa Catarina, junto da mãe e três irmãos. Na mala, trouxeram a esperança de encontrar em solo catarinense uma vida melhor.
— A gente chegou a passar fome, mas nada que a gente não supere — relembra Nicole.
Em Brusque, no Vale do Itajaí, tudo saiu como planejado, exceto uma surpresa que a vida guardava para a garota. Antes de conhecer o boxe, a adolescente tinha constantes crises de raiva. As paredes da casa eram os principais alvos da fúria. Ela não sabe dizer o motivo da irritação, mas ao subir no ringue, viu que tinha um dom. Encontrou ali o lugar certo para trabalhar a situação.
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A jovem está no projeto social há pouco mais de dois anos. Através do esporte, ela aprendeu a ter disciplina dentro e fora do ringue. Os reflexos foram visíveis na escola e em casa.
— Desde que ela começou a lutar boxe é uma nova Morena. É uma filha que me dá muito orgulho — afirma Ademergina de Oliveira, mãe da atleta.
Já foram tantos títulos regionais e estaduais, que a boxeadora mal consegue segurar todas as medalhas nas mãos.

Atleta conta com a torcida e o apoio do ídolo
Para conquistar o primeiro cinturão nacional, a atleta busca inspiração na trajetória do maior ídolo, Acelino Popó de Freitas, o Popó. Ele é um dos maiores boxeadores brasileiros. Até se tornar tetracampeão mundial, o lutador precisou vencer muitos adversários, entre eles a fome e a pobreza.
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— Ele me representa muito como pessoa. Eu me vejo nele, por ele ter saído de baixo e alcançado o alto — explica Morena.
A admiração de Morena por Popó é tão grande que os professores do projeto social tiveram a ideia de gravar um vídeo dela falando sobre o quanto ela é fã. A intenção era chamar a atenção do ídolo. E não é que deu certo? Popó viu o vídeo e entrou em contato com a jovem.
— Fiquei muito feliz naquele dia. Chorei, minha mãe chorou, foi um dia muito feliz. A gente conversou um pouco e ele perguntou um pouco sobre a minha história e sobre as minhas dificuldades — relembra a lutadora, com brilho nos olhos.
Para os jovens que sonham em se tornar profissionais, contar com o incentivo do ídolo na modalidade faz toda diferença. Sobretudo em um país que investe pouco no esporte. Todos querem aplaudir o campeão, mas poucos estendem a mão para eles chegarem lá.
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No caso de Morena, ela tem o apoio do professor Marlon Soares Bordin, fundador do projeto social de Brusque, da mãe que se desdobra para sustentar sozinha três filhos, e agora, de Popó.
— Ele (Popó) quer que eu seja campeã e que eu teria tudo pra chegar lá — diz ela.
Suor e muita dedicação não vão faltar:
— Eu quero chegar lá, eu quero vencer, eu quero dar uma vida melhor pra minha mãe. Eu quero tirar ela do aluguel, quero dar uma casa pra ela. Eu quero vencer na vida
conclui Morena.
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