A Polícia Civil de Criciúma, no Sul de SC, não descarta que o adolescente de 16 anos suspeito de 10 mortes no Estado – sendo seis delas nos últimos 30 dias na cidade – possa ter agido a mando de criminosos ligados à facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC). O garoto foi apreendido no começo da semana e encaminhado ao Centro de Atendimento para Adolescentes em Tubarão.
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Nesta quinta-feira, na entrevista coletiva que marcou o começo da Operação Criciúma Segura, iniciativa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para diminuir as mortes no município, o envolvimento do adolescente com crimes graves acabou dominando boa parte das atenções.
Ao admitir dificuldades para identificá-lo e apreendê-lo ao longo desses 30 dias, os policiais civis locais acreditam estar diante de um – apesar da idade precoce – matador de aluguel que vinha sendo usado por criminosos ligados ao tráfico de drogas.
– Ele nos disse que mata traficante, ladrões, estupradores e quem furtava drogas dele e de traficantes da região dos trilhos. Mas não descartamos que pode ter praticado as mortes a mando de alguém – investiga o delegado Ulisses Gabriel, da Divisão de Investigação Criminal (DIC).
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Os policiais dizem que o adolescente aparenta ser um maníaco compulsivo em matar e que não seria usuário de drogas. A polícia afirma que ele confessou cinco mortes em Criciúma com riqueza de detalhes, o que leva os policiais a acreditar que fala a verdade e não está assumindo crimes de outros.
Em outra situação, os policiais descobriram que furtou um rádio HT dos bombeiros enquanto eles combatiam um incêndio no bairro Boa Vista. Também se envolveu com roubos de carros em Içara e Urussanga, apresentou nomes falsos e migrou de cidades para não ser apreendido.
– Ele riu dos policiais na DIC. Disse que iria confessar porque no máximo ficaria três anos apreendido – ilustrou o delegado Ulisses.
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O envolvimento dele com delitos graves começou na região de Balneário Camboriú, litoral Norte, onde nasceu, relatou o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz, também se mostrando assustado com a utilização de adolescentes para o crime no Estado.
O garoto é do bairro Monte Alegre, em Camboriú, região que historicamente enfrenta problemas graves de violência e com ação do PGC. Lá, a Polícia Civil apurou que cometeu quatro assassinatos e então foi encaminhado para um centro de atendimento em Criciúma, onde ficou um tempo até sair e voltar a matar.
Centro para menores interditado há oito meses
Para agravar a situação dos adolescentes infratores em Criciúma, o Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) do Estado em que eles deveriam ficar apreendidos para cumprir medidas judiciais está interditado há oito meses pela Vigilância Sanitária.
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Sem estrutura, o espaço está em reformas e a promessa é que em no máximo 15 a 20 dias seja reaberto enquanto não iniciar uma nova construção em outro terreno.
O DC esteve no local nesta quinta, que seguia fechado. Havia móveis colocados do lado de fora, alguns velhos e em péssimo estado. Dentro, havia movimentação de funcionários. A reportagem ainda não conseguiu contato com a direção do Departamento de Administração Socioeducativo (Dease).