Fraudadores não se intimidaram e encontraram uma opção para obter lucro maior, desta vez com a adição de água oxigenada ao leite. O Ministério Público Estadual (MPE) apreendeu nesta quinta-feira três caminhões, resfriadores e substâncias químicas de um transportador que seria um dos líderes da suposta fraude em Três de Maio.
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Conforme a investigação, o dono da Transportadora Reidel & Dias Ltda, Airton Jacó Reidel, faria a adulteração em um galpão próximo ao centro da cidade – nos fundos da casa de parentes. No local, interditado pelo MPE, foram encontrados bicarbonato de sódio, soda cáustica e sal de cozinha.
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Na residência de Reidel, foram apreendidos 50 litros de soda, além de notas fiscais da compra de mais 500 quilos do produto e 150 quilos de peróxido de hidrogênio (conhecido como água oxigenada). Conforme o MPE, o grupo compraria leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após a manipulação com água oxigenada, repassaria para a indústria.
Apontado como o líder do esquema pelo MPE, Reidel atuaria com a ajuda da mulher, Rejane Dias, e dos sobrinhos Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten.
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O Ministério Público pediu a prisão preventiva dos envolvidos, mas a Justiça negou por entender que a apreensão de caminhões e resfriadores impediria a continuidade da fraude. Reidel chegou a ser preso por posse ilegal de arma, após a polícia encontrar um revólver calibre 32 dentro de uma bota da mulher, mas foi solto depois de pagar fiança.
A investigação começou em setembro, quando os laticínios Bom Gosto e Mallmann informaram ao MPE e ao Ministério da Agricultura a detecção de água oxigenada no leite entregue pela transportadora de Reidel.
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– As empresas informaram ter rejeitado as cargas ao detectar a água oxigenada. Após, três relatórios do laboratório da Univates confirmaram a presença – diz Alcindo Bastos da Silva Filho, da promotoria especializada em defesa do consumidor.
Contraponto
Advogado dos quatro investigados, Juarez Antônio da Silva informou que seus clientes só irão falar em juízo. Conforme Juarez, eles negam qualquer adulteração de leite. Afirmou que os resfriadores apreendidos no galpão eram usados para fazer reserva momentânea do produto e que essa “é uma prática comum entre os transportadores da região”. O advogado afirmou, ainda, não ter tido acesso aos materiais apreendidos no galpão e na residência.