Sete partidos fizeram obstrução e ficou para esta terça-feira, às 9 horas, a votação das medidas provisórias 601/12 e 605/13. Nesta segunda-feira, não houve quórum para enfrentar as manobras regimentais dos partidos descontentes. As duas MPs precisam ser votadas pela Câmara e pelo Senado até a próxima segunda-feira, dia 3, quando perdem a validade.
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O plenário encerrou sessão sem votar as medidas provisórias 601 e 605. A MP 601 desonera a folha salarial de alguns setores empresarias, enquanto a MP 605 trata da redução da tarifa de energia. O ideal seria a aprovação das duas MPs nesta segunda-feira, para respeitar a decisão do Senado de receber as medidas pelo menos sete dias antes da perda de vigência.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse, no entanto, que ainda é possível que o Senado aprove as duas MPs:
– Se votarmos amanhã (terça-feira) até uma hora razoável, o presidente (do Senado) Renan (Calheiros) poderá encontrar uma saída equilibrada e de bom senso para aquela Casa. Mas não posso falar por ele.
PSDB, DEM e PPS justificaram a obstrução como medida para protestar contra o excesso de medidas provisórias.
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– Há um massacre do Executivo com o Legislativo. Hoje se editam MPs até para revogar outras MPs – criticou o líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO).
Já o Psol é contra a MP 601, que desonera a folha salarial das empresas.
– Somos contra desonerações à custa da Previdência – disse o líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP).
PSD e PSC também obstruíram a sessão para cobrar a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 200/12, que extingue a multa de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cobrada dos empregadores no caso de demissão sem justa causa. O líder do PSD, deputado Eduardo Sciarra (PR), disse que a votação foi objeto de um acordo.
– Queremos votar esse projeto. Não tem mais sentido a existência dessa multa, que foi criada com uma finalidade que já se extinguiu – disse Sciarra.
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O projeto começou a ser votado na semana passada, mas a falta de quórum inviabilizou a votação. O presidente da Câmara chegou a assumir o compromisso de pautar o projeto para a primeira semana de agosto, mas a proposta não foi aceita pelo PSD e pelo PSC. Tanto Sciarra quanto o líder do PSC, deputado Andre Moura (CE), defenderam a votação do projeto ainda em junho.
– Agosto é um prazo muito elástico para nós – afirmou Moura.
Líderes governistas criticaram a obstrução. O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que a obstrução do PSD e do PSC foi um “erro dramático” que vai comprometer a desoneração de várias empresas. Chinaglia criticou ainda a não aceitação do acordo proposto pelo presidente da Câmara.
– Se o presidente não consegue patrocinar um acordo, quem vai conseguir? – questionou.
Já o líder do PT, deputado José Guimarães (CE), disse que a obstrução era “sem critério”.
– Claro que a obstrução é um instrumento legítimo, mas é importante que se diga que os que estão obstruindo impedem a votação de duas matérias essenciais para o País – a desoneração de setores e a redução da tarifa de energia – disse.
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Para o deputado Roberto Freire (PPS-SP), não foi a obstrução de uma minoria que provocou o adiamento da votação das duas MPs, já que a base governista não compareceu à sessão nesta segunda-feira.
– Não cabe responsabilizar a diminuta oposição pela falha do governo – afirmou.