Aderbal Freire Filho escreve narrativas inteiras sem precisar do papel. Ele é ator e diretor teatral e vem nesta quinta-feira à noite a Joinville para falar sobre “A Escrita da Cena” no Palco Principal da Feira do Livro. A experiência no assunto vem dos quase 50 anos dedicados à narrativa cênica e das mais de 80 montagens assinadas por Aderbal, que fazem dele um nomes mais famosos da nova geração do teatro brasileiro.
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Ele é fundador do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo (CDCE), de 1989 e tem no currículo a direção de espetáculos como “A Mulher Carioca aos 22 anos”, “Senhora dos Afogados” e “O Carteiro e o Poeta”.
É sobre o processo de criação destas peças que Aderbal conversa com a plateia da feira. Como os nomes das obras já denunciam, nem todas eram peças teatrais quando foram escritas, mas transformadas na hora de serem levadas ao palco.
– Quero deixar mais claro como é a escrita teatral usando como paralelo os romances que usei no teatro sem fazer adaptação – adianta ele.
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Foram três obras que passaram por este processo: os romances brasileiros “O Púcaro Búlgaro”, de Campos de Carvalho e “A Mulher Carioca aos 22 anos”, de João de Minas e o português “O que Diz Molero”, de Dinis Machado. Quer dizer, eram obras que não precisaram ser adaptadas para o formato de teatro, mas sim encenadas sem mudar o original.
Com o “romance-em-cena”, nome com que o gênero foi batizado, Aderbal explora as possibilidades da cena com outra gramática e valoriza cada palavra do original. Nessas peças, os personagens tornam-se narradores, inclusive sobre suas próprias cenas, e transmutam-se em outros personagens durante a narrativa. Tudo isso, sem perder a teatralidade.
Além delas, Aderbal também tem a experiência de adaptar as obras para o teatro, como é feito tradicionalmente – coisa que fez, entre outros, com “Moby Dick”, de Herman Melville, o romance americano de 656 páginas divididas em 135 capítulos.
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Aliás, são famosas as peças de Aderbal que tem duração de até cinco horas e podem ser assistidas em dois dias pelo público. Todas elas são sucesso de crítica, que sai da experiência sem sentir o tempo e com paixão pela palavra.