Um ano e três meses se passaram desde que a notícia de que uma jovem havia chegado baleada ao Hospital Bethesda, em Joinville, se espalhou pela cidade. Gabriella Custódio Silva tinha 20 anos, e suas fotos sorrindo e posando em selfies tornaram-se tão famosas quanto a gravação da câmera de segurança que mostrava seu companheiro, Leonardo Natan Chaves Martins, chegando com ela nos braços, desacordada, na recepção do hospital. 

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Nesta terça-feira (27), Leonardo será julgado por homicídio duplamente qualificado. O crime chocou a cidade pela juventude dos envolvidos (com 21 anos, ele era apenas um ano mais velho que ela), pelo mistério que envolve o que ocorreu naquele dia entre o casal e pelos desdobramentos deste crime — entre eles, o assassinato do pai de Leonardo, Leosmar, que também era réu neste caso.

O júri popular estava marcado, inicialmente, para 24 de março, mas as sessões foram suspensas pelo decreto estadual que determinou o cancelamento de todas as atividades com aglomeração. Foi remarcado para 30 de julho e, depois, novamente desmarcado. Desde que foi preso, em agosto de 2019, Leonardo teve dois pedidos de habeas corpus negados.

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Ele alega que o tiro foi acidental. No entanto, nunca foi possível fazer análise de balística porque a arma não foi apresentada à polícia: o pai de Leonardo, que era o proprietário da arma, alegou que a jogou no Canal do Linguado, em São Francisco do Sul. O Ministério Público o denunciou por feminicídio e por recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele também responde por fraude processual. 

O feminicídio é considerado um crime hediondo e leva a uma pena mínima de 12 anos, com máxima podendo chegar a 30 anos. O mesmo tempo se aplica quando é usado recurso que dificulte a defesa da vítima.

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A sessão de julgamento será presidida pelo juiz Gustavo Henrique Aracheski, titular da Vara do Tribunal do Júri da comarca de Joinville. Atuará com o promotor Ricardo Paladino. Os advogados de defesa do réu serão: Pedro Wellington Alves da Silva, Jonathan Moreira dos Santos, Deise Kohler e Antonio Luiz Lavarda.

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foto mostra duas mulheres jovens com o pai e a mãe
Gabriella (ao centro) era apegada à irmã, Andreza, e aos pais (Foto: Arquivo Pessoal)

Relembre o caso

Gabriella Custódio Silva foi morta com um tiro por volta das 17h30min do dia 23 de julho na rua Arno Krelling, no Distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville. Gabriella teria sido atingida por um disparo de arma de fogo dentro de casa, colocada no porta-malas de um Chevrolet Captiva e levada ao Hospital Bethesda.

Testemunhas que estavam no local relataram que ela foi tirada do porta-malas do automóvel pelo companheiro e deixada com a equipe de enfermagem (veja vídeo abaixo). Durante cerca de 20 minutos foram realizados os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória, sem sucesso.

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Após deixá-la no hospital, Leonardo Nathan foi embora do local. A partir da placa do veículo foi descoberto que o proprietário era o marido da vítima. Os policiais foram até o endereço registrado e não o encontraram.

Quando os policiais estavam realizando buscas, o carro de Leonardo foi avistado com outras duas pessoas. O motorista informou que o veículo havia sido deixado na casa de um amigo e, posteriormente, descobriram que o carro estava envolvido no crime. Por isso, os dois estavam o levando à casa do proprietário para devolver.

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Leonardo se apresentou à polícia apenas 17 dias depois do crime. Desde então, está detido no Presídio Regional de Joinville aguardando o julgamento. O pai dele, Leosmar, aguardava em liberdade pelo julgamento, pelo qual havia sido pronunciado pelos crimes de fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.

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