O acusado de matar mãe e filha em Blumenau, no bairro Tribess, foi condenado a 32 anos e quatro meses de prisão nesta quarta-feira (9). O júri popular começou às 8h30min e terminou durante esta tarde. Inês do Amaral, 57 anos, e Franciele Will, 30 anos, foram assassinadas dentro de casa no dia 4 de abril de 2018. Apenas mais de um ano depois, o suspeito, Anderson Tadashi Nakamura, foi identificado e preso preventivamente.

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Anderson estava no presídio desde 2019 aguardando o julgamento. No processo que ocorreu em segredo de Justiça, o júri havia sido marcado para o final do ano passado. Às vésperas do desfecho, porém, a advogada do homem abandonou o caso, que foi assumido pela Defensoria Pública e obrigou a alteração da data. 

Familiares das vítimas aguardaram o término da sessão nesta quarta-feira do lado de fora, onde foram espalhadas faixas que pediam por justiça. Um dos parentes era Evânio Sall, irmão de Inês:

— A gente se sente aliviado que pelo menos ele foi julgado. Nunca vamos nos contentar porque a vida de uma pessoa vale mais que 32 anos de reclusão, mas espero que a lei seja cumprida e que ele não saia [da prisão] depois de um tempo — desabafou.

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Depois de matar Inês asfixiada, Anderson esperou Franciele voltar para casa. Ela teria visto o momento em que ele chegou para falar com a mãe dela e, para assegurar que não seria descoberto, assassinou também a filha. 

Na sentença, o juiz Eduardo Reis determinou 32 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado pelos dois homicídios, com três qualificadoras cada um. No caso da morte de Inês, por motivo fútil, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Na de Franciele, meio cruel, emboscada e para assegurar a impunidade do crime anterior. 

Júri não teve presença de público externo por conta das restrições da pandemia
Júri não teve presença de público externo por conta das restrições da pandemia – (Foto: Jean Mazzonetto, NSC TV)
Familiares e amigos colocaram faixas diante do local
Familiares e amigos colocaram faixas diante do local – (Foto: Jean Mazzonetto, NSC TV)
Anderson foi levado ao júri
Anderson foi levado ao júri – (Foto: Jean Mazzonetto, NSC TV)

Todas as seis qualificadoras trazidas pelo Ministério Público foram aceitas pelos jurados, algo que deixou o promotor do caso, Odair Tramontin, satisfeito. O problema, para a acusação, foram os anos estipulados. Para a promotoria, o perfil de Anderson (que já foi condenado por tráfico de drogas) e a crueldade e frieza dos atos deveriam ter contribuído para uma pena maior. 

— O tamanho da pena ficou aquém do que a gente esperava, algo em torno de 40 anos. Estamos avaliando a possibilidade de fazer um recurso para pedir adequação da pena — revelou o promotor. 

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O que diz a defesa

O defensor público Arthur Herman de Albuquerque explicou que tentou mostrar que Anderson agiu durante um momento de “violenta emoção”, algo que não foi aceito pelo júri. O agora condenado confessou o duplo homicídio e se disse arrependido, ainda conforme a defesa. A motivação teria sido uma discussão com Inês, na qual ela teria falado sobre os pais do autor.

— Ele foi abandonado pelos pais e perdeu o controle quando ela teria mencionado isso na discussão. Acabou condenado a pena máxima — contou o defensor, que a princípio não recorrerá da decisão.

Relembre o caso

Inês do Amaral, 57 anos, e Franciele Will, 30 anos, foram mortas em abril de 2018 dentro da própria casa onde moravam no bairro Tribess. Os peritos não encontraram sinais de arrombamento, apenas o carro da família foi levado do local.

Conforme a Polícia Civil, Franciele apresentava cortes nos pescoço, sinais de agressão e também perfurações de faca no tórax. Já a mãe, Inês, foi morta por asfixia.

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A polícia também informou que Inês foi morta com um espaço de tempo de cerca de quatro horas antes da filha. O autor então teria entrado na casa, sem fazer alarde, e cometido o primeiro assassinato.

O veículo de Inês do Amaral foi localizado pela Polícia Civil na manhã seguinte na Rua Nossa Senhora de Fátima, no bairro Itoupava Norte. Apesar do autor ter levado o veículo da vítima na fuga, a hipótese de latrocínio foi descartada pela polícia logo no início do inquérito, já que nenhum outro pertence foi roubado da casa. 

Desde lá, a hipótese já era de duplo homicídio.