O empresário Pedro Fávero, 41 anos, acusado de matar a esposa Fabiana Fávero, 37 anos, e esconder o corpo dentro de um armário, vai a julgamento na próxima sexta-feira (29), a partir das 8h, no Fórum da Comarca de Chapecó. O júri popular será presidido pelo juiz Jeferson Vieira. A promotora será Cândida Antunes Ferreira.

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Conforme a denúncia feita pelo promotor Rafael Moser, Fávero responderá por homicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, meio cruel, com recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima e por feminicídio.

Também será julgado por ocultação de cadáver, fraude processual, apropriação indébita, porte ilegal de arma de fogo e posse ilegal de munição de uso restrito.

O crime ocorreu por volta das 18h do dia 4 de julho de 2017. Pedro Fávero é acusado de matar a mulher, com quem era casado havia 18 anos, com uma facada no lado esquerdo do peito e no pescoço, ocultando o corpo em um armário.

Depois, ele teria fugido no carro de um cliente do estacionamento de propriedade do casal, próximo ao aeroporto. Durante a fuga, sofreu um acidente no Paraná, onde abandonou o veículo. Conseguiu chegar ao Paraguai mas, após 30 horas de negociação com a polícia, acabou se entregando.

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Familiares rompem o silêncio

Depois de dois anos de silêncio, os familiares da vítima decidiram falar sobre o caso. Uma das irmãs de Fabiana, Ana Paula Diavan Pereira, disse que, no dia seguinte ao crime, uma pessoa da família recebeu um telefonema de amigos que moram no Paraguai. Durante a ligação, conforme Ana Paula, os amigos disseram que Pedro havia ligado e contado que tinha matado a esposa.

Por volta do meio-dia, o familiar que recebeu a ligação foi ao apartamento de Fabiana e encontrou a faxineira limpando a casa e o filho do casal almoçando, sem ter notado nada estranho. O familiar pediu que o filho saísse de casa e, depois isso, encontrou o corpo da vítima no quarto de armas, ainda de acordo com Ana Paula.

Dias depois, os amigos do Paraguai teriam relatado à família da vítima que, na verdade, o acusado apareceu em sua casa no Paraguai, confessou que havia matado sua esposa e pediu ajuda deles para fugir. Quando se recusaram a ajudar, ele resolveu se entregar.

O filho do casal, Pedro Henrique, que na época tinha 17 anos, disse que, no início, não quis acreditar que seu pai havia feito algo tão terrível, tanto para sua mãe como para ele próprio. Contou que passou os primeiros dias fingindo que nada havia acontecido e só mais tarde foi entender tudo o que ocorreu. Ele ficou em choque ao saber que o pai havia dito em depoimento à Justiça que, na ocasião do crime, o casal começou a brigar porque ele acusou Fabiana de não se preocupar com o filho.

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— A pessoa mais próxima de mim era minha mãe. Nos últimos tempos, eu não ia bem no colégio e ela estava sempre tentando me convencer a mudar de atitude, ser mais responsável- contou.

Ana Paula ficou revoltada com o depoimento do ex-cunhado, em relação à irmã.

— Em seu depoimento, ele disse que a Fabi era uma pessoa agressiva, que bebia e usava medicamentos controlados, e que foi ela que, a princípio, tentou agredi-lo. A perícia, entretanto, não encontrou nenhum vestígio de álcool ou drogas no organismo dela. Também apontou que ele a agrediu no quarto do casal, depois, levou-a para o local onde guardava suas armas e só então, sem ela esboçar qualquer tipo de defesa, golpeou-a com a faca no pescoço e no peito — declarou.

Vítima queria a separação do marido, diz irmã

Ana Paula e a outra irmã da vítima, Claudia Diavan Pereira, acreditam que o crime aconteceu porque a irmã queria se separar do marido e ele não aceitava isso.

— Várias pessoas que conheceram a Fabi deram depoimento à Justiça confirmando que ouviram ela falar muitas vezes que queria se separar, porém ela tinha medo que ele a matasse caso fizesse isso — afirmaram.

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Elas revelaram, entretanto, que Fabiana, nos últimos dois meses, mesmo com medo, estava disposta a pedir a separação.

As irmãs também contaram que nas festas, como no final do ano, sentem um vazio muito grande, pela saudade da irmã. Os sobrinhos também sentem falta da "tia Fabi".

— A Fabi adorava tomar chimarrão, escutar música sertaneja, se divertia muito cantando com as amigas no karaokê. Adorava se reunir com amigos e com a família. Gostava de andar bem arrumada, era vaidosa. Era a irmã mais velha e ficava super feliz quando perguntavam se ela era a mais nova das irmãs. Conversava com todo mundo e fazia amizade muito fácil — disse Ana Paula.

Ela lembrou que a irmã ficou com ela no hospital quando nasceu o segundo filho.

O sonho de Fabiana era ver o filho fazendo faculdade, abrir um negócio voltado para mulheres (como loja de sapato, roupa). Estava sempre pesquisando franquias, relatam os familiares.

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Gostaria de morar na mesma cidade que a mãe e as irmãs, que vivem em Florianópolis. Ela também queria muito ir com o filho para a Disney, porém não gostava de viajar de avião. Dizia que passava mal, ficava enjoada.

Após o ocorrido, o filho do casal foi morar com sua avó materna, Sirlei Diavan. Ela contou que a morte da filha, de uma forma tão brutal e por uma pessoa que conviveu com a família por mais de 20 anos, é algo que nunca poderia imaginar.

Fabiana com as irmãs e a mãe
Mãe e irmãs sentem um vazio pela ausência de Fabiana (d) (Foto: Arquivo Pessoal)

— É uma dor muito grande. Só estou em pé por causa do meu neto. Se perder a mãe é difícil para qualquer um, imagina pelas mãos do pai — afirmou.

Ela lembrou que a filha era amável, espontânea, alegre e sempre disposta a ajudar.

O filho disse que ir ao julgamento será a coisa mais difícil que já fez na vida, porém, espera que a justiça seja feita.

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A reportagem tentou contado com o advogado de defesa do réu, mas não obteve retorno.