O depoimento de Nasser Al-Khelaifi, presidente do beIN Media e do Paris Saint-Germain, começou nesta quarta-feira em Berna, na Suíça, informou André Marty, porta-voz do Ministério Público do país, que interroga o dirigente catariano por suposta corrupção.

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Em 12 de outubro, o Ministério Público suíço anunciou que estava investigando por “corrupção privada” desde 20 de março de 2017 o ex-secretário-geral da Fifa Jerome Valcke, suspenso por dez anos pela entidade por outros casos de corrupção, e Al-Khelaifi “em relação à concessão dos direitos de transmissão das Copas do Mundo” de 2026 e 2030.

“Começamos a interrogar o acusado às 09h45 (05h45 de Brasília) no escritório do procurador-geral da Suíça. Levará horas, por motivos de tradução, mas também pelas numerosas perguntas que temos e respostas que gostaríamos de ter por parte do acusado”, informou Marty a cerca de 20 jornalistas em frente ao prédio.

– Em total discrição –

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Marty explicou que Al-Khelaifi chegou às 09h30 do horário local (05h30 de Brasília) em total discrição, escapando das lentes dos fotógrafos.

Mais tarde, durante o intervalo de uma hora do depoimento, o porta-voz explicou que “é possível que a audiência dure mais de um dia. Neste caso, uma data será acordada com os advogados do acusado, pode não ser amanhã (quinta-feira)”.

Questionado sobre as condições da audiência, Marty informou que “há cerca de doze pessoas presentes na sala, entre advogados de todas as partes (o que sugere haver um advogado da Fifa, o acusado e dois procuradores do Ministério Público”.

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Al-Khelaifi não se pronuncia publicamente sobre o caso desde 12 de outubro, reservando suas explicações para o Ministério Público suíço (MPC).

Francis Szpiner, advogado de Al-Khelaifi, explicou na quarta-feira à AFP que seu cliente “desejava comparecer rapidamente diante do Ministério Público da confederação suíça”, insistindo que o presidente do PSG “nega qualquer corrupção”.

Valcke já depôs na justiça suíça e se defendeu de qualquer delito ou infração. “Não recebi nada de Nasser”, afirmou o ex-dirigente francês ao diário esportivo L’Équipe.

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A investigação foi aberta por “suspeita de corrupção privada, fraude, gestão desleal e falsificação de documentos”, informou o MPC em 12 de outubro, explicando que uma operação “coordenada” foi realizada simultaneamente na França, na Grécia, na Itália e na Espanha.

Também em 12 de outubro, o escritório parisiense da emissora catariana beIN Sports foi revistada pela procuradoria nacional financeira (PNF) da França.

– Mansão em Porto Cervo –

Um dia depois, a polícia italiana anunciou ter revistado uma mansão em Porto Cervo, na Sardenha, que serviria de “meio de corrupção” entre os dois homens. As acusações foram negadas pelos advogados de Al-Khelaifi.

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“Os direitos de televisão só dizem respeito à zona do Oriente Médio/Zagreb e nestes países a beIN Media não tem nenhuma concorrência. Por que Nasser Al-Khelaifi gostaria de corromper alguém quando não tem concorrência?”, questionou o entorno do dirigente à AFP.

Um porta-voz da BeIN Media afirmou à AFP que o contrato assinado com a Fifa era “o mais vantajoso possível” para a entidade internacional.

Além da batalha jurídica na Suíça, Al-Khelaifi precisa lidar com a suposta quebra do fair-play financeiro do PSG. O catariano é presidente do time desde a compra da equipe por um fundo soberano de seu país, em 2011. A Uefa investiga o caso.

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O clube francês pagou 222 milhões para tirar Neymar do Barcelona e mais 180 milhões para contratar Kylian Mbappé ao Monaco. Segundo as regras da entidade, um clube não pode gastar mais do que arrecada nem ter prejuízo de mais de 30 milhões de euros em três anos.

* AFP