Homicídios e tentativas de homicídio são crimes corriqueiros nas delegacias de Curitiba, que tem quase 2 milhões de habitantes. Só no fim de semana foram registradas quatro ocorrências na capital paranaense.

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Mas a investigação dos doces envenenados é vista como um caso à parte pelo delegado Rubens Recalcatti, à frente da Divisão de Homicídios da cidade.

– A acusada tem um perfil psicológico que merece ser estudado -, diz.

Entre pausas para atender a um telefonema e outro, Recalcatti conversou neste domingo com “AN” sobre a apuração do crime, após passar a madrugada na delegacia.

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ClicRBS – O caso dos doces envenenados teve muita repercussão. Como foi trabalhar nessa apuração?

Rubens Recalcatti – É um caso diferente. A acusada tem um perfil psicológico que merece ser estudado. É uma personalidade misteriosa, com altos e baixos, bastante distorcida. Já vi pessoas com transtorno de personalidade, capazes de tudo. Ela também tinha a vida comum, mas gastava compulsivamente. Penso que o Estado deva cuidar dela.

ClicRBS – O senhor considera aceitável se a Justiça entender que ela é incapaz?

Recalcatti – Não aceitaria, mas entenderia. Está claro que ela precisa de ajuda psicológica. Ela mesma disse que precisava de ajuda quando esteve na delegacia. Acho que ela tinha uma faísca e essa faísca estourou.

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ClicRBS – De que forma a polícia chegou a ela?

Recalcatti – Começamos investigando adolescentes que conviviam com as vítimas. Chegamos a trabalhar com um potencial suspeito. Mas depois tivemos acesso às imagens do shopping (em que ela é filmada por câmeras de vigilância). Aí, percebemos que ela tinha algum envolvimento na história, porque estava bem. Aquela mensagem que partiu do celular dela foi para despistar a polícia. O pai da aniversariante conhecia bem a acusada e não acreditava nessa possibilidade, por isso ela não foi a suspeita inicial.

ClicRBS – Como foi o contato com ela depois da prisão?

Recalcatti – Ela confessou primeiro ao delegado Marcel (Marcel Oliveira). Acreditei e não acreditei na versão dela porque a história era estranha, mas sabíamos do perfil dela. Depois que a encontrei, ela estava com fome na viagem até Curitiba. Decidi parar para almoçarmos em um restaurante. Fui ganhando a confiança dela até que ela disse: “Tá bom, vou contar tudo”.

ClicRBS – A polícia imaginava que houvesse mais envolvidos?

Recalcatti – Todos imaginavam algo muito grande por trás dessa história, coisa de novela. Mas foi crime de uma mulher só. Quem não imaginaria que três ou quatro homens tivessem espancado o marido dela? Acontece que ela não tem perfil de bandida. A frieza que teve para envenenar os doces não teve quando fugiu.

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