Cinco suspeitos de envolvimento na morte do advogado criminalista Carlos Eduardo Martins Lima, de 31 anos, estão cumprindo prisão temporária. O corpo de Lima foi encontrado em Florianópolis, no último dia 2. A polícia afirmou que não há linha específica de investigação, apenas descartou a possibilidade de “retaliação policial”, e dois dos presos, a esposa da vítima e segurança do advogado, se acusam da autoria do homicídio.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Janaína Ribeiro, de 44 anos, tinha união estável com o advogado gaúcho, mas as investigações apontam que os dois viviam um momento conturbado no relacionamento. O possível envolvimento dela no crime foi apontado por outro suspeito: Alan Batista, de 26 anos, segurança particular do advogado, e que acabou preso logo no dia seguinte ao crime. Ele afirma que Janaína teria sido a mandante do homicídio.

O que dizem os suspeitos

Em janeiro deste ano, Carlos Eduardo teve decretada sua prisão preventiva em Gravataí, no Rio Grande do Sul, onde ele e a esposa viviam, por descumprir uma medida protetiva a favor de Janaína, que afirmava ter sido vítima de violência doméstica por parte dele em diversas vezes.

Ele ficou foragido por cinco dias na ocasião, até que a esposa retirou o pedido, o que só se deu após ameaças de Carlos Eduardo, segundo o advogado Mateus Marques, que defende Janaína agora em meio à investigação de homicídio, afirmou à reportagem.

Continua depois da publicidade

Uma semana depois, no entanto, após o casal ter reatado a relação, as agressões voltaram a ocorrer, e a esposa passou a ser mantida em cárcere privado a mando de Carlos Eduardo e sob vigia de Alan, ainda segundo o advogado de Janaína.

Já a advogada de Alan, Luíza Lopes Bandeira, também em entrevista à reportagem, afirma desconhecer esse fato. Ela afirma que isso não foi sequer relatado em dois depoimentos à Polícia Civil pela empregada doméstica do casal, que seria eventual testemunha caso algo do tipo tivesse ocorrido envolvendo Janaína e Alan.

A defesa da esposa diz que, na ida a Florianópolis em que acabou morto, durante o Carnaval, Carlos Eduardo havia viajado inicialmente com outra mulher, que também teria sido agredida. O gaúcho pediu então que Janaína fosse à capital catarinense, o que ela acatou. O casal, Alan e mais um grupo ficaram na mesma pousada.

Carlos Eduardo e Alan teriam saído então da pousada acompanhados de mais três suspeitos que Janaína não conhecia para comprar drogas, segundo a defesa dela. O trio que não teve nome revelado pela Polícia Civil também cumpre prisão temporária.

Continua depois da publicidade

Marques diz que, após essa saída, Alan teria retornado ao local com sangue nas roupas, já desacompanhado de Carlos, e que agora tenta responsabilizar Janaína pelo caso.

A defesa do segurança particular diverge neste último ponto. A advogada afirma que não há perícia forense ate aqui que tenha averiguado sangue da vítima ou de qualquer outra pessoa. Diz ainda que Alan contribuiu com as investigações ao entregar seu celular para ser periciado.

Bandeira diz que a tese da defesa só será exposta quando houver uma denúncia formal contra Alan, que ainda é investigado em inquérito policial sob sigilo. Ela afirmou que, em um primeiro depoimento aos policiais, ele negou participação no ocorrido e, em um segundo, também sem presença de advogados, atribuiu o mando à Janaína.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil em Santa Catarina confirmou, à reportagem, o número de suspeitos presos e afirmou que não há uma linha específica de investigação. Ao menos rejeitou a possibilidade da morte ter se tratado de “retaliação de policiais”.

Continua depois da publicidade

Duas semanas antes do ocorrido, Carlos Eduardo publicou vídeo no Instagram em que dizia ter passado a sofrer perseguição policial por conta de sua atuação profissional. Segundo o delegado Ênio Mattos, à frente da apuração, essas acusações se tratariam de uma paranoia do advogado gaúcho devido ao uso de drogas.

No vídeo em questão, Carlos Eduardo afirma que passou a sofrer abordagens ostensivas de policiais após ter sido parte em uma ação que corria em segredo de Justiça — ele não cita o teor dela, mas tratava-se da medida protetiva mobilizada por Janaína.

O advogado também afirma ter sido alvo de um flagrante de porte de drogas forjado por policiais, o que fez ele ser conduzido a uma delegacia na ocasião.

— Eu vou enfrentar vocês, vocês não vão conseguir derrubar esse advogado combativo colocando buchinha de cocaína dentro do meu carro, p****. Vocês têm que entender que eu sou advogado, que o patrimônio que eu tenho foi conquistado com trabalho — afirmou.

Continua depois da publicidade

— Se vocês querem guerra, vão ter guerra. Porque eu não tenho medo de vocês, eu nunca tive medo de vocês em dez anos [de atuação profissional] — disse também no vídeo.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS) informou que acompanha a situação e que pediu a apuração dos fatos às autoridades competentes.

Vida de ostentação

Ativo nas redes sociais, o advogado criminalista se referia a si mesmo como “Showman” e costumava compartilhar registros de sua rotina profissional, o que incluía a defesa de acusados de tráfico de drogas e sustentações orais entusiasmadas.

Continua depois da publicidade

Ele também exibia um estilo de vida fitness e hábitos luxuosos, com ostentação de joias de ouro e viagens frequentes de lazer ao litoral catarinense. Na última delas, para Florianópolis, o corpo do advogado, já morto, acabou encontrado com perfurações na área da cintura em uma servidão do bairro Rio Vermelho.

Ainda no dia do ocorrido, o carro dele, uma BMW branca, que o advogado também costumava exibir nas redes sociais, foi encontrado por policiais no mesmo bairro onde estava o corpo, no Norte da Ilha, o que pesou contra eventual suspeita de latrocínio.

Mesmo após a morte dele, o perfil do advogado permanecia acessível no Instagram até a publicação desta reportagem, com lamentos de alguns seguidores e críticas de outra parte dos usuários da rede nos comentários das publicações.

Leia mais

Homem leva mais de 10 tiros dentro do próprio carro e sobrevive em Indaial

Continua depois da publicidade

Jovem é encontrado morto dentro de riacho em São Bento do Sul

O que se sabe sobre a morte do “Hipster da Federal”