A balança comercial deverá mostrar, ainda neste ano, os resultados de acordos assinados durante a visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos.

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– Raramente pude ver algo tão produtivo como o que aconteceu nessa viagem – disse ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, que antes já havia participado de missões de governo e empresários àquele país na condição de presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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Além da importante decisão dos EUA de abrir seu mercado para a importação da carne in natura brasileira, o ministro destacou o acordo de convergência de padrões e normas técnicas, que deverá permitir a venda de mais produtos manufaturados àquele mercado.

– Às vezes, para vender produtos industrializados, enfrentamos problemas que não são as tarifas – explicou.

– O que pesa são as barreiras não tarifárias.

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Muitos produtos brasileiros não entram no mercado americano porque estão em desacordo com os padrões e normas técnicas exigidas lá. O acordo assinado durante a viagem prevê que haverá uma aproximação das regras adotadas nos dois países, o que deverá resultar na criação de um novo padrão para ambos.

Além disso, laboratórios brasileiros serão credenciados para avaliar produtos brasileiros e dizer se estão de acordo com as exigências dos EUA. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estarão em diálogo permanente com suas correlatas de lá.

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O ministro espera resultados para breve porque setores industriais brasileiros já estão trabalhando para se adequar às normas daquele mercado. Antes mesmo do acordo, o setor de cerâmicas negociava mudanças para poder exportar pisos e revestimentos. Na sequência, diz Monteiro, virão as máquinas e equipamentos, têxtil e compressores.

– É um grande salto – frisou o ministro, que trabalha na formulação de uma nova política industrial.

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Ele vem defendendo, no diálogo com o governo e com o setor privado, que a indústria brasileira precisa buscar maior produtividade. O acordo de normas técnicas se enquadra entre as medidas que vão nessa direção.

Outro do mesmo naipe é um inédito entendimento de parceria na área de patentes.

– Precisamos de mais cooperação internacional nessa área – disse Monteiro.

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Pelo acordo, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) fará um projeto piloto de registros com seu correlato norte-americano.

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– Em tese, chegaremos a um padrão em que a análise feita aqui valerá lá e vice-versa – explicou.

O dia a dia das empresas exportadoras deverá ser facilitado com outro acordo. Os sistemas de registro dessas operações serão interligados, de forma que o exportador brasileiro poderá dialogar diretamente com as autoridades dos EUA.

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Todas essas medidas deverão influenciar até no comércio com outros mercados, como Ásia e Europa.

– Há um impacto positivo, porque nos ajustaremos aos padrões norte-americanos, que são exigentes.

O ministro frisou que o comércio com os Estados Unidos já está crescendo. Os acordos assinados nesta semana, diz ele, ajudarão a intensificar esse movimento, que foi beneficiado com a desvalorização do real ante o dólar.

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– Não vou mentir: o câmbio ajuda bastante, porque nos tornamos mais competitivos.

Com isso, a venda de manufaturados àquele país registra alta de 8% em comparação com o ano passado.

Tecnologia

Monteiro voltou impressionado também com a importância que as empresas de tecnologia dão ao Brasil. Tanto a Google como o Facebook e o Stanford Research Institute (SRI), visitados por Dilma, têm projetos de investimento no País.

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– Eles olham o Brasil com muito mais confiança do que nós, porque não olham para os próximos seis meses, e sim para os próximos anos – disse.

– E, sob esse ponto de vista, somos um grande mercado.

*Estadão Conteúdo