A aprovação do acordo para evitar o abismo fiscal aprovado nesta quarta-feira pela Câmara dos EUA foi uma medida importante para a economia americana, mas só adia a solução para o problema, avalia Marcio Salvato, professor de Macroeconomia do Ibmec.

Continua depois da publicidade

O projeto aprovado pelo Congresso americano evita por pelo menos dois meses o aumento de impostos para a classe média e também o corte de gastos de programas do governo. Além disso, benefícios a desempregados foram mantidos por mais um ano.

O acordo dá fôlego a economia americana, mas embute a necessidade de voltar a discutir o tema em 60 dias, período durante o qual ainda será preciso discutir a possível elevação do teto máximo para dívida pública, hoje de US$ 16,4 trilhões. Para Salvato, o projeto aprovado pelos deputados e senadores é uma solução de curto prazo já que a dificuldade de aprovar o aumento do teto dívida em um momento em que o país cresce pouco deve forçar o governo dos EUA a cortar gastos.

-Para os americanos, a relação entre a dívida e o PIB é muito importante. Então, aumentar a receita continua sendo fundamental. Em algum momento, a classe média vai pagar a conta- disse.

De acordo com Salvato, as negociações para aumento do teto são ainda mais complicadas do que as costuradas pelo vice-presidente Joe Biden e pelo líder republicano no Senado, Mitch McConnell, para se afastar do abismo fiscal. Para o especialista, é provável que não haja acordo. O corte de despesas que viria com a manutenção do limite de endividamento teria efeitos bastante significativos no Brasil. Haveria risco de redução das exportações brasileiras para os EUA, queda na Bovespa e desvalorização do dólar.

Continua depois da publicidade

-Uma possível recessão norte-americana teria efeito borboleta (referência à chamada Teoria do Caos, cujo enunciado mais conhecido afirma que o bater de asas de uma borboleta em uma determinada região poderia provocar um furacão no outro lado do planeta). Reduziria as vendas para os Estados Unidos, mas também para todos países que comercializam com o país, como a China, por exemplo – disse.