A Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), que reúne 50 países pesqueiros, chegou a um acordo nesta segunda-feira para impôr uma cota para a captura do peixe-espada no Mediterrâneo, informaram a ONG Oceana e a União Europeia.
Continua depois da publicidade
É a primeira vez que se impõe uma cota de captura para este peixe, que durante décadas sofreu com a sobrepesca.
Ao final de uma reunião realizada em Vilamoura (Portugal), a comissão decidiu estabelecer uma cota de no máximo 10.500 toneladas em 2017.
Essa cota será reduzida em 3% ao ano entre 2018 e 2022, no âmbito de um plano de reconstituição que durará 15 anos (2017-2031), e será revisada em 2019, após um estudo científico da população reprodutora.
“É um passo decisivo para a preservação das reservas”, declarou a União Europeia (UE), que promoveu esse plano.
Continua depois da publicidade
A ICCAT, com 51 membros (50 países e a UE), é responsável pela conservação do atum e de outras espécies afins no oceano Atlântico e no mar Mediterrâneo.
Segundo as ONGs, é necessário agir para deter o desaparecimento de exemplares do peixe-espada, já que suas reservas caíram 70% no últimos 30 anos devido à pesca excessiva, e que 70% dos peixes capturados são juvenis, ou seja, têm menos de três anos e ainda não atingiram a maturidade.
Estas organizações não esconderam certa decepção após o anúncio, já que a cota estabelecida para 2017 equivale mais ou menos às quantidades pescadas em cada um dos últimos quatro anos – cerca de 10.000 toneladas.
“É um pouco estranho”, e uma diminuição de 3% ao ano a partir de 2018 “é muito pouco”, afirma Alessandro Buzzi, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Continua depois da publicidade
Um primeiro texto da UE propunha reduzir a cota em 25% em cinco anos, lembra Buzzi, cuja organização está, apesar de tudo, “contente” após ter “tido que esperar muito tempo”.
“É um primeiro passo em direção à reconstituição da população”, comemora Ilaria Vielmini, da ONG Oceana. “Esperamos que este seja um ponto de inflexão na forma como o Mediterrâneo tem sido tratado até agora”, acrescentou.
“Muito limitado”
Este plano “chega com uma década de atraso”, lamenta Lasse Gustavsson, diretor-executivo para a Europa da Oceana, em um comunicado. “Esperávamos um plano de crise mais ambicioso, [este] é muito limitado, está distante demais das opiniões científicas e continua colocando a população em perigo”.
Embora se tenha chegado a um consenso sobre a cota de pesca, a distribuição desta pode dar lugar a negociações mais complicadas. Um grupo de trabalho estudará esta questão a partir do início de 2017.
Continua depois da publicidade
A Itália é o maior país pesqueiro de peixe-espada no Mediterrâneo (45% das capturas), seguida pelo Marrocos (14%), Espanha (13%), Grécia (10%) e Tunísia (7%).
Além das cotas, o plano prolonga medidas que já estão em vigor e que contribuíram para limitar as quantidades pescadas nos últimos anos, como a proibição de pescar durante três meses por ano e a definição de um tamanho mínimo para os exemplares capturados.
Não houve, porém, novidades sobre a cota de pesca do atum vermelho no Mediterrâneo e no leste do Atlântico, que a ICCAT estabeleceu por um período de três anos em 2014.
“Não foi feita nenhuma proposta [a esse respeito] (…), de modo que o plano de reconstituição [do atum vermelho] segue adiante, à espera da avaliação da população” prevista para 2017, indica Buzzi.
Continua depois da publicidade
Em 2014, as cotas do atum vermelho foram estabelecidas em 16.142 toneladas para 2015, 19.296 toneladas para 2016 e 23.155 toneladas para 2017.
Em relação ao atum patudo, outra espécie sobre-explorada, “não foi tomada nenhuma nova medida de gestão para melhorar” sua população, criticou a ONG Pew.
Esta organização também lamentou que para os tubarões azuis a ICCAT tenha apenas definido um nível de capturas a partir do qual a organização poderia tomar novas medidas.
sd/ial/at/gm/eg/db/mvv