Em reunião na noite de quinta-feira (28) no Conselho Deliberativo do Joinville, conselheiros recomendaram a reprovação de um acordo com o ex-presidente Jony Stassun – costurada pela diretoria executiva – que renegociava o pagamento de uma suposta dívida de R$ 5,2 milhões do clube com Stassun.

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A diretoria, que poderia ignorar a recomendação, aceitou a sugestão dos conselheiros, deliberada após votação finalizada com sete votos contrários ao acordo e cinco a favor. Uma nova assembleia geral dos sócios deve ocorrer em dezembro para julgar o recurso do ex-presidente. Em agosto deste ano, Jony Stassun foi suspenso por dois anos do Conselho Deliberativo por gestão temerária durante o período em que esteve na presidência (2016 a 2018).

A quantia cobrada pelo ex-dirigente e suas empresas é contestada pelo Joinville na Justiça. Uma auditoria externa, contratada pelo clube, inclusive não reconhece os valores cobrados.

“Alguns conselheiros apontaram o risco para a Diretoria Executiva em assumir dívida que formalmente não é reconhecida pelo Clube e objeto de contestação judicial e reconvenção”, diz o comunicado enviado à reportagem da CBN pelo presidente do Conselho Deliberativo, Darthanhan Oliveira, e pelo presidente do clube, Charles Fischer.

Em outro trecho, o texto diz que os conselheiros fizeram uma “recomendação para que o Clube siga com a discussão judicial, até que se obtenha sentença ou se chegue em outro momento a outro ponto de equilíbrio com o ex-presidente”.

Confira detalhes da proposta recusada

No último dia 14 de outubro, um pedido de vista da defesa de Jony Stassun adiou a votação do recurso do ex-dirigente na assembleia de sócios. Nesse período, diretoria executiva e Jony Stassun se reuniram para chegar a um acordo para ser apreciado pelos conselheiros. 

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A proposta, que recebeu recomendação negativa dos conselheiros nesta quinta-feira, reduzia o pagamento para R$ 3 milhões. Desse montante, R$ 1 milhão – referente à dívida com empresa gerida por Stassun – seria pago com receitas vindas de patrocínio no uniforme, placas de publicidade na Arena e CT do Morro do Meio, carga de 50 ingressos por jogo e liberação de um camarote nos próximos dois anos (2022 e 2023).

A outra parte, em torno de R$ 2 milhões, seria quitada a partir de várias fontes de receita diretamente ao ex-dirigente. Uma das formas seria o pagamento de R$ 3 mil mensais – descontando R$ 500 como valor de mensalidade de Conselheiro a Jony.

O clube também teria que transferir a Stassun 5% das cotas recebidas pelo clube pela participação na Copa do Brasil e de outras cotas de televisão.

No acordo recusado, o clube cederia, em forma de espaço na camisa, patrocínio a duas empresas prospectadas por Jony e sua empresa, com valor fixado de R$ 5 mil mensais.

Demais patrocínios prospectados por Jony e sua empresa seriam divididos em 50% para o clube e 50% para quitação do débito. O acordo previa ainda a retirada do processo disciplinar contra Jony.

A reportagem tentou contato com Jony, mas até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. 

Comunicado do Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva

Os membros do Conselho Deliberativo, da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal promoveram debate de alto nível, com questionamentos e explanação de diferentes visões sobre as tratativas de acordo judicial com o ex-Presidente Jony Stassun. A proposta previa carência de pagamento, patrocínios, publicidade e parcelamento do débito.

Alguns conselheiros apontaram o risco para a Diretoria Executiva em assumir dívida que formalmente não é reconhecida pelo Clube e objeto de contestação judicial e reconvenção.

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Foram debatidos os riscos de sucesso ou insucesso na demanda. Também foram questionados qual o grau de prioridade de pagamento deste suposto débito, frente ao passivo trabalhista, tributário e cível em processos já transitados em julgado e em execução, também o comprometimento orçamentário frente ao ato trabalhista e a possibilidade futura de centralização das execuções cíveis.

Colocado em deliberação, por maioria de votos (7×5 votos) foi rejeitada a proposta de acordo nos termos indicados, com recomendação para que o Clube siga com a discussão judicial, até que se obtenha sentença ou se chegue em outro momento a outro ponto de equilíbrio com o ex-Presidente.

Reunião também discutiu proposta da SAF no Joinville

A reunião do Conselho Deliberativo também discutiu o andamento do projeto para uma possível implantação do modelo de clube-empresa no Joinville. Nas últimas semanas, uma comissão criada por conselheiros está estudando detalhes de como viabilizar a transformação do clube em uma SAF. Em Santa Catarina, a Chapecoense aprovou, na última segunda-feira (25), proposta para se transformar em um clube-empresa.

– Discutimos o andamento do projeto JEC/SAF também que será apresentado a todos na segunda semana de novembro. Esse é o ponto importante para repercutir no JEC daqui em diante – disse Darthanhan Oliveira, presidente do Conselho e entusiasta da ideia.

No Twitter, Dathanhan também comentou o assunto. “A comissão de estudos JEC/SAF há 3 meses se debruçou sobre o modelo Sociedade Anônima do Futebol-SAF e suas possibilidades, conversou com empresas de consultoria especializadas e desenhou o modelo que entende ser o ideal para o Joinville”, escreveu.