A trégua comercial temporal anunciada entre a União Europeia e os Estados Unidos trouxe alívio para os países europeus, mas também dúvidas sobre a viabilidade dos compromissos discutidos entre Jean-Claude Juncker e Donald Trump.
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Ambos decidiram em uma reunião na Casa Branca uma série de decisões, como uma maior compra de soja americana pelo bloco europeu, para dar fim à guerra comercial vigente entre Washington e Bruxelas por meio de tarifas recíprocas.
O objetivo também era afastar a ameaça de Trump de aumentar as tarifas sobre os automóveis da UE, que afetaria especialmente a Alemanha, cujo governo celebrou nesta quinta-feira o resultado “construtivo” da reunião e reafirmou seu “apoio” à Comissão Europeia de Juncker.
O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, confirmou nesta quinta-feira que não serão aplicadas tarifas sobre os automóveis europeus durante as negociações e ressaltou que “o primeiro problema” a ser negociado será o das tarifas siderúrgicas e as represálias.
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A Associação Europeia de Construtores de Automóviles celebrou o afastamento da ameaça sobre uma indústria, que “prospera melhor em um ambiente sem barreiras comerciais”, embora tenha reconhecido que “restam muitos assuntos por resolver”, segundo seu secretário-geral Erik Jonnaert.
Uma fonte europeia ressaltou os “excelentes resultados” obtidos pela UE “sem colocar em risco seus interesses esenciais” e a “pressão enorme nos Estados Unidos contra a guerra comercial”, embora tenha advertido contra “qualquer triunfalismo” já que “nada está gravado em pedra”.
– Soja –
Embora a França, segunda economia da UE atrás da Alemanha, considerou “bom regressar ao diálogo com os americanos”, seu ministro da Economia, Bruno Le Maire, informou à AFP que este “não pode avançar sob pressão” e pediu “esclarecimento” sobre as medidas.
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A “nova fase da relação” entre ambos anunciada em um comunicado conjunto se baseia em trabalhar “pela eliminação total das tatifas, das barreiras não tarifárias e os subsídios aos produtos industriais, não automobilísticos”.
Sobre a agricultura, Donald Trump anunciou que a UE aumentará “imediatamente” suas compras de soja dos Estados Unidos. “A UE pode importar mais soja dos Estados Unidos e fará isso”, acrescentou Jean-Claude Juncker.
Uma maior compra de soja americana, setor ao qual a China impôs medidas tarifárias em resposta as de Trump, não geraria aumento das importações globais europeias, advertiu a fonte do bloco, explicando que “estas serão feitas em virtude das condições do mercado”.
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Com a China de olho na produção de soja do Brasil, o maior exportador do produto para a UE com cerca de 40% do total em 2017, os europeus poderiam aproveitar a redução de preços nos Estados Unidos, segundo exportador para o bloco com cerca de 35%.
– ‘Final de novembro’ –
A França marcou nesta quinta-feira seu limite na discussão e exigiu também que a agricultura, um setor sensível para Paris, “se mantenha à margem do âmbito de discussões”, segundo Le Maire, que também apontou para “a proteção e a segurança” de los consumidores na UE.
Outra preocupação seria evitar entrar “na negociação de um grande acordo, cujos limites já foram vistos com o TTIP”, disse Le Maire em referência ao controverso acordo de livre comércio negociado entre ambos os lados do Atlântico até a chegada de Trump.
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O presidente da Comissão Europeia prometeu também que a UE comprará mais gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos, exigência de Trump que na última cúpula da OTAN criticou seus aliados, especialmente a Alemanha, por comprar gás da Rússia.
Um grupo de trabalho de “muito alto nível” começará a estudar agora os compromissos sobre a soja e o GNL, indicou o porta-voz do executivo comunitário, Alexander Winterstein, que disse não poder explicar até o momento “como funcionará na prática”.
A fonte europeia indicou que o grupo de trabalho sobre as discussões com os Estados Unidos terá “120 dias para emitir um relatório”, ou seja, “até o final de novembro”.
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* AFP