O acordo anunciado nesta quinta-feira entre cinco grandes bancos centrais – o Banco Central Europeu (BCE), Federal Reserve (Fed), Banco da Inglaterra (BoE), Banco do Japão (BoJ) e Banco Nacional da Suíça (SNB) – para prover os bancos com liquidez em dólar até o fim do ano deve tranquilizar os mercados e dar tempo aos bancos para reajustarem suas atividades em dólar, disse o presidente do Banco da França, Christian Noyer, em uma entrevista para o jornal francês Les Echos que será publicada na sexta-feira.

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– Todos os bancos europeus, e os bancos franceses não são exceção, estão sendo levados a reajustar suas atividades em dólar. Eles precisam reduzir seus balanços patrimoniais sem mexer em suas atividades principais, como o crédito a exportações – afirmou Noyer, que é membro do conselho do BCE.

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que vai realizar três operações para fornecer liquidez em dólar até dezembro, em conjunto com os bancos centrais dos EUA, Japão, Inglaterra e Suíça. A ação busca injetar dólares no sistema bancário europeu e impedir uma nova crise de liquidez. O objetivo é resolver uma aguda escassez de dólar no mercado, com os bancos dos EUA retendo fundos em meio ao receio de que o sistema bancário europeu esteja com uma exposição grande demais às dívidas dos governos da região.

Segundo uma pesquisa do JPMorgan e CreditSights, os bancos europeus perderam acesso a mais de US$ 700 bilhões em financiamentos em dólar – em dívidas de curto prazo (IOU) e empréstimos interbancários – ao longo do último ano, com os fundos de mercado monetário dos EUA e outras fontes tradicionais preocupados com a exposição desses bancos às dívidas da Grécia e outros países da zona do euro.

Isso forçou os bancos a restringirem a tomada de empréstimos denominados em dólar e procurar a moeda norte-americana em outros lugares, como o Oriente Médio, por exemplo. Os bancos europeus precisam de dólar para financiar os empréstimos que eles ofereceram para empresas e consumidores dos EUA.

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Noyer disse que o problema é estrutural, com os fundos mútuos dos Estados Unidos em geral deixando a Europa, não apenas a França, porque o modelo de negócios americanos mudou.

– Todos os bancos europeus vão ter de se adaptar – afirmou.

– Isso, de qualquer forma, não vai provocar uma crise de crédito na Europa.

As novas operações, nas quais os bancos poderão fazer ofertas por quantias ilimitadas, terão um vencimento de aproximadamente três meses, segundo o BCE. Elas serão realizadas como operações de recompra de taxa fixa contra colaterais elegíveis, com alocação total para os ofertantes. As datas das ofertas são 12 de outubro, 9 de novembro e 7 de dezembro.

Elas serão realizadas em adição aos atuais swaps semanais de dólar anunciados pelo BCE em 10 de maio de 2010. O Banco do Japão também afirmou que essas ofertas serão um acréscimo às operações semanais e mensais de fornecimento de financiamentos em dólar, que tem vencimento de uma semana e três meses, respectivamente.