São Francisco do Sul recebe milhares de turistas todos os anos durante a temporada de verão, o que aumenta a demanda por serviços essenciais como a água. O problema com o abastecimento já é conhecido por quem visita a cidade nos finais de ano e, para tentar solucionar esses desconfortos para população e visitantes, a Águas de São Francisco do Sul realizou obras para melhorar a qualidade de vida de quem frequenta a cidade. A concessionária garante que não existem problemas de produção de água, mas admite que ainda podem haver problemas de baixa pressão de água nos bairros que ficam no fim da rede.

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O bairro Praia Grande é um dos afetados porque está localizado no final da rede de abastecimento. O problema é antigo e teve gente que precisou usar métodos alternativos para garantir a água durante todo o dia na temporada de verão. Morador do bairro há duas décadas, o aposentado Joãosinho Mendes, 78 anos, teve a ideia de instalar uma caixa d’água adicional com cinco mil litros no quintal da casa logo quando chegou ao local. Ele instalou um motor no reservatório pessoal que bombeia a água para o andar de cima do sobrado, onde há uma caixa de dois mil litros.

– Em cima, durante o dia não sobe água. Ela vai só de madrugada, quando escuto o barulho da caixa enchendo – conta.

Apesar disso, ele admite que há cerca de dois anos não falta água na casa dele, mesmo com os veranistas que alugam a parte debaixo da casa usando os mesmos recursos. Por ora, a caixa de dois mil litros é o suficiente e o reservatório adicional está cheio para uma eventual emergência. A ideia de Joãosinho foi inovadora para o bairro naquela época e depois foi copiada pelos vizinhos. Ele conta que houve situações em que inquilinos de outras casas deixaram o aluguel por não terem água e foram parar na casa dele, onde havia a garantia de abastecimento durante todo o verão.

Na região da Enseada, o comerciante Edson Schatzmann também garante que existem problemas com a redução da pressão na temporada de verão. Segundo ele, isso não prejudica o comércio dele porque é usado um poço artesiano que o salva. A estrutura foi construída há 30 anos e não foi desativada justamente para auxiliar durante esse período. Isso porque, de acordo com Edson, no restante do ano o abastecimento ocorre normalmente, sem prejuízo à população.

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A Águas de São Francisco do Sul informa que em caso de baixa pressão e eventual falta de água nas regiões de final de rede, há canais de comunicação disponíveis para a população solicitar caminhões-pipa ou alguma vistoria necessária. O contato com a concessionária pode ser feito pelo site www.aguasdesaofranciscodosul.com.br ou pelos telefones 0800-595-4444, (47) 99234-1414 (WhatsApp) ou (47) 4063-9268.

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Investimentos para evitar problemas

Para tentar evitar a falta de água para turistas e moradores, a Águas de São Francisco do Sul realizou investimentos durante o ano. Entre eles, está uma série de melhorias na distribuição dentro da cidade para garantir uma maior pressão na rede. Foram instaladas novas bombas e geradores para que uma queda de energia não afete o abastecimento. Atualmente, toda a água é distribuída por meio de bombeamento e, em casos de falta de energia, o processo é interrompido, afetando também o abastecimento de água.

– Esses geradores nos garantem umas oito horas ou talvez mais de continuidade de bombeamento, mesmo com uma queda de energia. As pessoas devem lembrar que em um passado recente, quando caía a energia o abastecimento parava. E essa oscilação é normal durante a temporada – explica o diretor-presidente da companhia, Ricardo Miranda.

As principais captações hoje ficam na parte continental da cidade, no distrito do Saí. Lá, elas são bombeadas por duas adutoras subaquáticas – uma de seis quilômetros e outra de oito quilômetros – que atravessam por debaixo da água da baía da Babitonga. Segundo Ricardo, isso faz com que o bombeamento seja mais intenso para levar a água para dentro da cidade e os pontos mais distantes.

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Além disso, também será o primeiro ano em que as regiões do Ervino e da Vila da Glória vão contar com água tratada. Foram construídos reservatórios nos dois bairros, que vão garantir o sistema próprio de abastecimento de água nas duas localidades. Uma das beneficiadas será a comerciante Sidiane Franciozi, 28 anos. Ela mora há dez anos no Ervino e conta com um poço para usar água dentro de casa. No entanto, ela precisa gastar todo mês para comprar água potável para beber.

– Hoje a água é amarelada, com gosto de ferro. Com a água tratada será melhor porque não vou precisar mais comprar. Gasto muito com isso, principalmente quando os meus parentes vêm para cá. No mês que vem, já vou mandar fazer a ligação aqui em casa – conta.

O diretor-presidente da Águas de São Francisco do Sul ainda lembra que o principal investimento foi realizado no ano passado, com a ampliação da estação de tratamento de água no Rocio Grande, responsável pelo abastecimento de toda a cidade. Ela foi ampliada e disponibiliza aproximadamente seis milhões de litros de água tratada por dia. Porém, ele admite que pode ocorrer a falta de água porque ela pode acontecer por diversos fatores, como um eventual rompimento de adutora ou problema no sistema.

Multa para quem não economizar água no verão

(Foto: Salmo Duarte / A Notícia)

Neste mês, o prefeito de São Francisco do Sul, Renato Gama Lobo, assinou decreto que estabelece a racionalização do uso da água e intensifica a fiscalização durante a temporada. A medida entrou em vigor em 15 de dezembro e tem validade por dois meses. O texto foi reeditado para este ano, mas já havia sido assinado em outros anos para tentar conter o desperdício nessa época de grande demanda. O decreto autoriza a Águas de São Francisco do Sul a racionalizar o fornecimento de água potável para que ela seja distribuída apenas para fins domésticos e higiênicos.

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Com isso, fica proibido o uso da água distribuída pela concessionária para lavar veículos, irrigar gramados e jardins, repor ou trocar água de piscinas, lavar calçadas, muros e pátios de prédios, além de molhar ruas. As medidas foram tomadas considerando que o grande fluxo de veranistas aumenta o consumo e a estação opera no limite máximo da capacidade, gerando “enorme queda de pressão na rede de abastecimento de água devido à grande demanda”.

O descumprimento pode implicar autuação com advertência. Em caso de reincidência, o autor poderá ser multado e ter a água cortada. O restabelecimento acontecerá após o pagamento de multa equivalente a duas tarifas básicas da ligação.

Barra Velha tenta evitar o fantasma da falta d’água

(Foto: Casan / Divulgação)

Em Barra Velha, a Companhia Catarinense de Água e Saneamento (Casan) garante que o sistema de abastecimento atende à demanda da cidade. A preocupação da empresa são os eventuais rompimentos de adutora, de rede, quedas de energia ou quebra de algum equipamento que possa comprometer o serviço. Segundo a companhia, em dezembro foram registradas 27 reclamações da população. Porém, apenas um realmente estava com problemas porque o local é o ponto mais distante e alto do bairro São Cristóvão. Os demais foram problemas com tubulação interna, água cortada ou registro interno fechado, por exemplo.

A Casan fez melhorias durante o ano para garantir o abastecimento de água no verão. A companhia destaca que instalou um novo reservatório com capacidade para um milhão de metros cúbicos – agora, são quatro reservatórios, com estoque de três milhões de litros. Também foram realizadas trocas de redes subdimensionadas. Além disso, a empresa também começou a instalação de mais dois novos filtros para aumentar a capacidade do tratamento. A previsão da obra é para o primeiro semestre de 2018.

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Em caso de quedas de energia, um gerador será usado na captação e estação de tratamento. Apesar dos esforços para reduzir os riscos, a companhia orienta aos moradores que tenham caixa-d’água para manter o abastecimento em momentos de necessidade de fechamento do sistema para manutenção.