Se o turnover já é considerado alto pelas equipes de recursos humanos, uma pesquisa mundial mostra que ele deve ser ainda maior. A consultoria global de gestão de negócios Hay Group, em parceria com o Centre for Economics and Business Research (CEBR), analisou a grande rotatividade de funcionários em mais de 30 países.

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A pesquisa, divulgada em junho, prevê que haverá crescimento econômico e, por causa disso, aumento das oportunidades de emprego. Como consequência, revela que as empresas globais enfrentarão um crescente êxodo de talentos.

A expectativa é de que a rotatividade mundial em 2014 seja 12,9% superior a 2012. Segundo Glaucy Bocci, gerente e líder da prática de liderança e talentos do Hay Group América Latina, essa tendência deve continuar nos próximos cinco anos, período em que as taxas de rotatividade de funcionários estão previstas para aumentar entre 20,6% e 23,4%, chegando a um número global de 192 milhões de saídas em 2018.

Glaucy explica que os mercados emergentes, por causa do aumento no volume de negócios, devem ser os primeiros a sentirem esse crescimento já a partir deste ano, enquanto as economias desenvolvidas vão notar o pico em 2014, quando as condições econômicas devem melhorar.

No caso da Europa, só em 2016. Na América Latina, os picos de crescimento estão programados para 2013 e 2016, puxados pelos investimentos em infraestrutura para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.

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Informações apuradas pelo colunista de “A Notícia” Jefferson Saavedra mostram que a rotatividade marca mais presença no mercado de trabalho joinvilense hoje do que há dez anos.

Em 2003, ano de emprego em alta, para a criação de cinco mil novos postos, foram demitidos 41 mil e demitidos 36 mil. Agora, para abrir 6,5 mil novos empregos (dado do primeiro semestre), são 65 mil admissões e 58 mil demissões.

Também há dez anos, a esmagadora maioria das saídas se dava por demissão decidida pelo empregador: 76% dos demitidos eram dispensados. Hoje, levando em conta o primeiro semestre de 2013, só 42% dos que deixaram o emprego o fizeram porque foram demitidos. Outros 39% pediram para sair e o restante foi por fim do prazo do contrato temporário.

O chefe substituto de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Santa Catarina, Roberto Lodetti, observa que o índice relativo ao seguro-desemprego tem se mantido estável.

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A hipótese mais forte para isso, segundo ele, é a falta de qualificação de uma parcela da população, que não consegue atender às exigências do mercado. Outra é a preferência de alguns por receber o seguro-desemprego enquanto complementa a renda na economia informal.

– Alguns aproveitam o dinheiro extra para reformar a casa ou dar a entrada na compra de um automóvel – explica Lodetti.

– As organizações ainda estão perdidas em relação ao que fazer sobre o turnover, querem usar as mesmas ferramentas do passado, mas a nova geração é diferente _ alerta o vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Santa Catarina (ABRH-SC), Pedro Luiz Pereira.

Aposta na gestão

Uma nova política de gestão colocou a Moldtool Ferramentaria, de Joinville, na contramão dos movimentos de saída dos profissionais na região. Nos últimos três anos, a empresa verifica redução gradual da rotatividade e crescimento do faturamento por funcionário.

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O gerente Reginaldo Barcelos explica que não houve mudanças significativas no maquinário, no processo fabril ou nas tecnologias no período, o que dá à empresa a segurança de que a evolução se deve mesmo às iniciativas de gestão. A Moldtool conta com 84 funcionários e conseguiu manter o quadro nos últimos anos, só que agora com maior retorno.

A fórmula que deu certo tem como ponto central a valorização dos trabalhadores, começando por um Programa de Participação nos Resultados (PPR). Os funcionários também passaram a sugerir ideias no Projeto Moldtool Inovar _ que conta ponto para o PPR.

Outra iniciativa foi a criação de três comitês para incentivar a participação dos funcionários na gestão: o comitê de gestão de projetos, de administração e finanças e o comitê do PPR, que não define o montante, mas opina sobre como será distribuído.

Foram adotadas, ainda, novas ferramentas para monitorar e dar visibilidade aos principais indicadores, pesquisa de satisfação e eventos de integração.

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A boa notícia para outras empresas que pensam em fazer o mesmo é que a nova política tem baixo custo. Até agora, consumiu no máximo 0,12% do faturamento anual da Moldtool desde 2010, quando teve início.