Não houve um grande fato novo que, isolado, explique tamanho tombo em menos de sete semanas. Mas as ações da Petrobras caíram quase 20% neste ano e chegaram ontem ao menor nível desde novembro de 2008. O motivo está na intensificação de uma safra de más notícias já conhecidas pelo mercado e o resultado é uma perda de cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado no período.
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Bovespa fecha com baixa de 0,72%
– Os papéis da companhia, por serem muito líquidos, tendem a sofrer mais com esse tipo de movimento – disse o diretor chefe de Investimentos do fundo Aberdeen para o Brasil, Nick Robinson, citando como principal fator a fuga de investidores estrangeiros de empresas de países emergentes.
O fundo tem cerca de R$ 30 bilhões em investimentos em participações no Brasil.
– Há um movimento contínuo de saída de emergentes nas últimas 12 semanas, mas não há grandes mudanças de avaliação da administração da Petrobras nos últimos seis meses – afirmou Robinson.
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A política de não equiparar combustíveis aos preços internacionais, a alta do dólar, o ano de eleições presidenciais, dúvidas sobre capacidade de investimento, a preocupação do impacto de um eventual reajuste de preços na inflação estão entre os motivos para o mau humor, segundo analistas.
Nesta quarta, também contribuiu para a queda o adiamento, do dia 14 para o dia 25, da divulgação dos resultados da companhia no quarto trimestre.
O ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Guido Mantega, afirmou serem “absurdas” as especulações no mercado em torno do adiamento da apresentação dos dados financeiros.
– É uma questão meramente técnica. É só para que possamos ter mais tempo para ter os dados que serão apresentados na próxima reunião. É só isso – disse o ministro.
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A ação ordinária (ON, com direito a voto) recuou 2,34%, a R$ 12,96. Chegou a R$ 12,74 na cotação mínima do dia, queda de 3,99%. A preferencial fechou com perdas de 1,85%, a R$ 13,83. O valor foi o menor desde fechamentos de dezembro de 2005.
Valor de marcado da estatal passou de R$ 214,687 bilhões para R$ 175,084 bilhões
A perda de valor de mercado da Petrobras é a maior entre as companhias abertas, segundo a consultoria Economática. Apenas o valor de mercado da estatal petrolífera passou de R$ 214,687 bilhões em 31 de dezembro para R$ 175,084 bilhões, na terça-feira. Já uma fonte da empresa informou que o Conselho de Administração pode apreciar, ainda neste mês, o plano de negócios quinquenal da empresa, para o período 2014-2018.
Candidatos a representante dos trabalhadores no conselho de administração da Petrobras, os petroleiros José Maria Rangel e Silvio Sinedino discordam sobre o papel que devem desempenhar no conselho, mas concordam nos motivos para a queda.
– É uma forma de pressão do mercado para ter reajustes de combustíveis – disse Sinedino, em declaração quase idêntica à de Rangel.
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