Os acidentes envolvendo ônibus e micro-ônibus nas rodovias federais de Santa Catarina diminuíram em comparação ao primeiro semestre do ano passado, segundo levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). De janeiro a junho de 2023, foram 66 acidentes, em oposição ao ano de 2024, que registrou 62 ocorrências. Mesmo com a baixa, o número de feridos aumentou: no ano passado foram 49 e, neste ano, foram 60.
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Desde 2021, este tipo de acidente vinha aumentando nos primeiros semestres do ano nas rodovias federais do Estado. Em 2021, foram 41 acidentes; em 2022, 59; em 2023, foram 66; e, em 2024, apresentando baixa, foram 62.
O número de feridos e mortos, no entanto, apresenta uma variação não linear ao longo dos quatro anos. Em 2024, houve um salto considerável de mais de 20 feridos em relação ao primeiro semestre do ano passado. Confira:
- Número de feridos em 2021: 58
- Número de feridos em 2022: 40
- Número de feridos em 2023: 49
- Número de feridos em 2024: 60
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De janeiro a junho de 2024, não foram registradas mortes nos acidentes, assim como em 2021. Em 2022 e 2023, foram duas mortes, uma no primeiro semestre de cada ano.
De acordo com Adriano Fiamoncini, diretor de comunicação da PRF em Santa Catarina, os acidentes de ônibus e micro-ônibus podem envolver outros veículos, como um carro, caminhão ou moto. Por isso, o número de pessoas que foram feridas ou mortas não equivalem somente aos passageiros que estariam dentro de um ônibus ou micro-ônibus.
Principais causas dos acidentes
Segundo a especialista em trânsito Márcia Pontes, uma viagem de ônibus chega a ser 50 vezes mais segura do que a de carro. Isso porque, ainda de acordo com ela, o ônibus é um veículo mais alto, que permite que o condutor visualize melhor a estrada.
— O ônibus tem dispositivos de segurança mais sofisticados, freios específicos, profissionais treinados e os veículos são adaptados à regularização pelos órgãos como a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Isso diminui os riscos — explica.
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Apesar disso, quando os acidentes envolvendo ônibus ou micro-ônibus ocorrem, eles apresentam um potencial de letalidade maior do que os acidentes com outros veículos, segundo Márcia. Além do principal motivo ser o fato de que eles transportam mais pessoas, viagens e excursões clandestinas também podem ter impacto nos dados.
— O risco de letalidade aumenta quando as pessoas preferem fazer viagens e excursões com vans clandestinas, por exemplo, que não estão regularizadas. Essas empresas de ônibus cobram mais barato, mas não oferecem condições de segurança, tem veículos antigos e com mau estado de conservação, além de motoristas que não são treinados devidamente — expõe Márcia.
Segundo a especialista, as condições da via também pode ser um fator que explica o número de acidentes que envolvem ônibus e micro-ônibus no Estado.
— O ônibus é um veículo pesado e disputa o espaço com os caminhões. Esses veículos têm que trafegar pela faixa da direita, que é uma via que danifica muito mais rápido devido ao peso dos veículos — pontua.
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Uma solução apontada por Márcia para evitar este problema seria a manutenção constante das vias para que elas se adequem ao volume de tráfego.
— A gente trafega por rodovias muito antigas, com um projeto antigo e que precisa se adequar ao volume de tráfego e aos veículos cada vez mais pesados. A frota aumenta todo o ano e isso, de uma maneira geral, reflete na segurança — afirma.
Aumento de acidentes e mortes no segundo semestre
Outro padrão que os acidentes que envolvem ônibus e micro-ônibus em Santa Catarina seguem é o aumento das ocorrências ou das mortes no segundo semestre do ano. Veja a comparação:
2021
- 1º semestre: 41 acidentes, 0 mortes
- 2º semestre: 47 acidentes, 4 mortes
2022
- 1º semestre: 59 acidentes, 1 morte
- 2º semestre: 63 acidentes, 0 mortes
2023
- 1º semestre: 66 acidentes, 1 morte
- 2º semestre: 58 acidentes, 3 mortes
O primeiro semestre de 2024 não registrou nenhuma morte.
A especialista Márcia Pontes explica que o aumento de acidentes ou mortes no segundo semestre pode ocorrer por diversos fatores.
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— No primeiro semestre, a vida começa a andar só depois do Carnaval, a partir de março. Nessa época, nós temos um aumento muito grande das campanhas de trânsito e das “operações verão” ou “operações carnaval” — explica.
O número de operações pode ter um impacto maior na efetividade da segurança, de acordo com ela. Já no segundo semestre, começam as férias de julho e as pessoas vão viajar — ou seja, passam a utilizar mais as rodovias.
Além disso, a especialista cita festas típicas do segundo semestre em Santa Catarina, como a Oktoberfest, que acontece em outubro.
— A questão de dirigir após consumir álcool pode ser um fator que contribui para o aumento de acidentes e mortes no segundo semestre. Durante o período, também temos as festas de fim de ano — aponta.
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Em Santa Catarina, principalmente nas regiões mais altas, as vias também são afetadas pela serração, o que tem impacto nos acidentes de trânsito nas rodovias federais, ainda de acordo com Márcia.
*Sob supervisão de Luana Amorim
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