O grave acidente que deixou ao menos duas crianças mortas na BR-470, em Apiúna, neste sábado (21), reacende o alerta sobre o não uso do cinto de segurança. Isso porque de acordo com os Bombeiros Voluntários de Ibirama, todos os seis ocupantes do Vectra – carro em que estavam as vítimas fatais – não usavam o dispositivo de segurança.

Continua depois da publicidade

Na avaliação da especialista em trânsito Márcia Pontes, esse caso do Médio Vale do Itajaí é emblemático e expõe a cultura de não utilização do cinto – mesmo em rodovias federais. Para ela, essa questão vai desde educação no trânsito, até a responsabilidade dos pais quanto à consequência da negligência. De acordo com a especialista, “é só até ali” ou “eu dirijo devagar” não são desculpas aceitas para essas situações.

– Vivemos em um país com a cultura do “não dá nada”. Só que por trás desse “não dá nada” tem outros pensamentos. Como “ah, a polícia não vai me pegar”, ou “ah, os filhos dos outros morrem e eu não”, “os outros sofrem acidentes e eu não”. O motorista julga muito mal os riscos e faz roleta russa com a vida dele – afirma Márcia Pontes.

Dirigir sem o cinto de segurança, inclusive, foi a principal infração expedida pela Polícia Militar em Blumenau no ano de 2018. No total, 3.782 carros foram flagrados em que o motorista ou os passageiros estavam sem cinto ou outro dispositivo de segurança (como a cadeirinha). Das multas aplicadas pelo Seterb, não usar o cinto foi a terceira do ranking no ano passado, com 5.918 autos de infração. Somadas, PM e Guarda Municipal de Trânsito (GMT) deram 9,7 mil multas do tipo só nas estradas blumenauenses (confira na arte abaixo).

­
(Foto: Arte, Santa)

Outro problema é a superlotação de veículos, principalmente nessa época do ano, conforme Márcia Pontes. O Vectra onde estavam as crianças que morreram tinha seis ocupantes, quando a capacidade máxima era de cinco. Além disso, de acordo com relato de um bombeiro à reportagem do Santa, havia objetos em um dos lugares onde deveria estar um passageiro, o que fez com que os pequenos ficassem dividindo em três um mesmo assento no banco de trás.

Continua depois da publicidade

– Passou da hora de o adulto colocar os pés no chão e entender que vive em um país onde 60 mil pessoas morrem em acidentes por ano. E não é só imprudência ou imperícia, é negligência também – aponta a especialista em trânsito.

Relembre

O grave acidente entre o Vectra e o Fox ocorreu no Km 108 da BR-470, em Apiúna, na localidade de Ribeirão Carvalho. A batida foi registrada às 16h45mi. A Polícia Militar estava próximo e deu os primeiros socorros. As duas meninas que morreram, porém, já estavam em parada cardiorrespiratória. Outras vítimas, principalmente no Vectra, tinham ferimentos graves já que, conforme os bombeiros, nenhum dos ocupantes usava o cinto de segurança.

Além dos Bombeiros Voluntários de Ibirama, atenderam a ocorrência bombeiros voluntários da União, Samu de Ascurra, de Ibirama, Samu USA de Rio do Sul, Helicóptero Águia 04 da PM, Polícias Militares de toda a região, dos Grupos Táticos, a Polícia Rodoviária Federal de Rio do Sul e o Instituto Geral de Perícias de Blumenau (IGP).