O acidente que deixou 50 mortos e quase 700 feridos em Buenos Aires, esta semana, é o mais grave desde os anos 1970 e o terceiro pior da história argentina. Segundo sindicalistas ferroviários, a estrutura da rede de trens do país é tão ultrapassada que a sinalização, em muitos casos, é da década de 1920.

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O último acidente grave aconteceu há três meses, quando seis meninas e dois professores de uma escola católica morreram depois que o ônibus em que viajavam para um retiro espiritual foi atingido por um trem de carga, na cidade de Zanjitas. Pouco antes, em setembro, outro acidente envolvendo um ônibus e dois trens deixou 11 mortos e mais de 200 feridos.

Em 2011, cinco acidentes envolvendo trens deixaram 23 mortos e cerca de 300 feridos no país. A maior tragédia ferroviária da história argentina aconteceu em 1970, quando uma batida entre dois trens causou a morte de 236 pessoas, no norte de Buenos Aires.

O segundo acidente mais grave ocorreu em 1978. Um caminhão colidiu com uma vagão, deixando 55 mortos. Além da falta de segurança nas linhas ferroviárias, os passageiros reclamam da superlotação e dos atrasos constantes na rede, que é operada por empresas privadas, mas recebe pesados subsídios do governo.

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No fim da noite de quarta-feira, o saldo da tragédia era 50 mortos e 676 feridos, 200 em estado grave. Os vídeos das câmeras de segurança da estação mostram o trem saindo dos trilhos e uma explosão. Os vagões de trás se chocaram com os da frente.

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A empresa de trens TBA divulgou comunicado lamentando o acidente e informando que ainda não sabe o que aconteceu. Em entrevista, o secretário de Transporte da Argentina, Juan Pablo Schiavi, disse que ninguém sabe ainda o motivo do acidente. Segundo ele, o trem vinha reduzindo a velocidade no ritmo esperado, até chegar aos 26 quilômetros por hora. De repente não pôde parar. O maquinista, um jovem de 28 anos, estava descansado e a postos. Tanto a empresa quanto o governo argentino abriram inquéritos para investigar o acidente, que já é tema de debate político.

Cerca de 400 milhões de pessoas viajam, a cada ano, nos trens de Buenos Aires – um dos maiores sistemas ferroviários da América do Sul. No ano passado, mais de 20 pessoas morreram e 300 ficaram feridas em acidentes de trem.

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A privatização do transporte público nos anos 1990 é tema de discussão. O então presidente Carlos Menem achava que as empresas privadas iriam investir em infraestrutura – o que, segundo o deputado Pino Solanas, da oposição, não ocorreu. As empresas recebem subsídios do Estado. Para Solanas, a presidenta Cristina Kirchner não cobrou investimentos em infraestrutura e em segurança das empresas privadas, que hoje administram o sistema ferroviário.