Existem alguns mitos em torno do universo da tecnologia que precisam ser revistos para que a população tenha total compreensão do que estamos fazendo todos os dias. As empresas de tecnologia, assim como todo tipo de negócio, tem a geração de lucro com a venda dos produtos e serviços como objetivo final. No entanto, não é somente nisso que se pensa, existem causas que guiam as empresas, e é sobre um exemplo disso que quero falar neste artigo.
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Nós temos dentro da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), como associada, a empresa CogniSigns, que desenvolve uma solução para auxiliar no diagnóstico de autismo em crianças de idade escolar. A tecnologia, que teve nova versão recém lançada, tem sua orientação espelhada em mães e cuidadoras de crianças e leva o nome de VERA (Virtual Empathic Robot Assistant). Esta plataforma identifica, de forma precoce e abrangente, possíveis sinais do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), e instrumentaliza profissionais da saúde para lidar com essa descoberta e acompanhamento da melhor forma possível.
Com o uso de notebook e câmera, aliados a um software desenvolvido pela própria CogniSigns, a empresa oferece estímulos audiovisuais às crianças e analisa as reações emocionais e comportamentais provocadas. O algoritmo identifica as reações captadas, faz uma comparação com uma base de dados própria e emite uma resposta probabilística sobre a proximidade entre elas. Com base no resultado, os responsáveis pela criança avaliada são informados dos possíveis sinais detectados, auxiliando na realização de um diagnóstico precoce e da consequente facilitação do tratamento.
Acreditando no potencial transformador de escala global desta solução tecnológica, a Acate investiu financeiramente na CogniSigns, agregando tanto em possibilidades e upgrades no produto, quanto em expertise no segmento de saúde. O propósito da empresa é claro: aumentar o acesso ao diagnóstico e tratamento do autismo no mundo. Segundo estatísticas, o Brasil conhece apenas 0,15% de seus autistas, e a empresa está em busca dos 99,85% ainda desconhecidos e que não possuem acesso ao diagnóstico, seja por falta de infraestrutura local ou desconhecimento.
A empresa tem ainda a ideia de ampliar o acesso ao diagnóstico e gerar o mapa do autismo no Brasil, que fornecerá informações panorâmicas às autoridades, empresas, profissionais de saúde, pesquisadores e sociedade, colaborando para a conscientização, inclusão e geração de políticas públicas voltadas à causa autista.
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Esse tipo de exemplo é importante para percebermos cada vez mais que a tecnologia não é excludente e não somente visa o lucro, mas pensa nas pessoas e em suas necessidades, buscando sempre fazer o melhor possível com as ferramentas que temos.
*Daniel Leipnitz é presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate)