O Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen-SC) identificou ácaros mortos, pelos de rato e fragmentos de insetos em molhos de tomate em ao menos 33% das análises feitas no período de janeiro do ano passado a maio deste ano. No total, 21 amostras de extrato foram examinadas.

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Fora dessa contagem está também um caso que repercutiu em todo o país em 2021, quando uma moradora de São Domingos, no Oeste catarinense, encontrou um rato morto em meio ao produto após despejar todo o ingrediente em uma panela que cozinhava. Na época, o caso foi enviado aos órgãos estaduais responsáveis, que mandaram recolher o lote de fabricação.

No último ano, segundo a Secretaria de Saúde, ao menos três lotes foram recolhidos. As “matérias estranhas”, conforme são nomeadas as substâncias encontradas pelo Lacen, podem ser aceitáveis em produtos alimentícios a depender da quantidade. É o que explica a professora de microbiologia de alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Deise Baggio, que diz ser permitido até 10 fragmentos de insetos, um pelo de roedor para cada 100 gramas do molho de tomate e ainda cinco ácaros mortos nos produtos.

— As substâncias estranhas que são encontradas nos alimentos podem ser classificadas como inevitáveis (mesmo se a indústria seguir todas as normas de boas práticas, ainda é possível estarem presentes pois são inerentes as matérias primas utilizadas). Indicativas de falta de boas práticas (que os laudos indicam que a indústria precisa melhorar sua condição higiênico sanitária) e que representam risco de vida para o consumidor — explica.

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As regras funcionam para todos os alimentos, segundo ela, mas apresentam valores específicos para as categorias de frutas e produtos de panificação, café e derivados do cacau.

— Não pode passar da quantidade se for matéria estranha inevitável ou indicativo de falta de boas práticas. Agora, se for risco de consumo, não tem quantidade limite — finaliza.

A prática comum do encontro dessas substâncias em molhos de tomate preocupa especialistas, que afirmam ser preciso um controle exato do processo de fabricação.

Um outro caso que repercutiu no país ainda esse mês ocorreu no Rio Grande do Sul. A empresa Fugini, que fabrica molho de tomate, foi indiciada depois que consumidores encontraram o produto com fungos e ovos de parasitas.

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Segundo os órgãos responsáveis, acredita-se ainda que há subnotificação dos números de casos registrados relacionados ao encontro de substâncias estranhas em molhos de tomates e alimentos em geral, já que nem todas as pessoas denunciam.

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