O sorriso no rosto não deixa dúvidas. Kaio, de apenas 11 meses, adorou o presente que recebeu durante a internação no Hospital Santo Antônio. Em tratamento por causa de uma pneumonia, os olhos do menino brilharam ao ver as voluntárias do projeto Naninhas do Bem de Blumenau entrarem no quarto. A almofada colorida, em forma de bichinho é um pequeno gesto para tornar a internação um pouco mais confortável para ele e a família. O encantamento do pequeno é igual ao de muitas crianças que passam por tratamento na unidade de saúde.

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Desde quando a iniciativa começou, em julho do ano passado, sorrisos como os de Kaio já estamparam os rostos de quase 700 pessoas. Quem plantou a semente, se emociona ao ver os frutos. A artesã Carla Baloni, 35 anos, conta que iniciou o trabalho como uma forma de gratidão, após receber e superar um diagnóstico de câncer de mama. Quando concluiu o tratamento, que levou cerca de nove meses, ela começou a mobilizar quem estava ao redor para implantar o projeto na cidade.

– Assim que acabou (o tratamento) eu só tinha que agradecer e foi quando tentei buscar alguma coisa que conseguisse transformar em bem para outra pessoa – conta.

A Thauany, também com 11 meses, tem uma naninha de estimação. Ela recebeu logo que entrou no hospital, há quase dois meses. A mãe, Viliane de Sousa Silva, 27 anos, conta que a almofadinha está até murcha de tanto a pequena apertar. Para ela, a ação das voluntárias é um suporte emocional que ajuda a enfrentar os longos dias de estadia para o tratamento da filha.

– É um carinho que a gente ganha – diz a mãe, emocionada.

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A assistente social do Hospital Santo Antônio, Lourdes Zimmermann Cenci, comenta que a dedicação do grupo contribui com a humanização do ambiente hospitalar, o que é fundamental durante o período de internação. Na visão da profissional, faz as famílias se sentirem bem, além de deixar o espaço mais alegre para todos, com o carinho que é oferecido aos pacientes. A avó de Yuri, 10 anos, concorda. Luzia Oliveira Silva, 53 anos, cuida do neto há mais de 40 dias, quando ele passou por uma cirurgia. Os olhos marejados são de quem só tem a agradecer pelo gesto das voluntárias.

– A gente fica aqui sozinha. Um presentinho é bom para ele – agradece a senhora pela atenção que o neto recebe.

Uma rede de solidariedade

Para acalentar crianças e adultos com o mimo, Carla mobilizou quem estava ao redor. No começo, eram seis voluntárias. Todas próximas dela, como a mãe, tias e amigas. Com o passar do tempo, o grupo ganhou reforço e atualmente são 18 pessoas dedicadas à confecção das almofadas. Marizete Martins de Souza, 40 anos, é uma delas. A dona de casa, que também venceu um câncer, sempre pensou em fazer algo pelo próximo e viu a chance no projeto.

– Ver o sorriso no rosto deles enche o coração de alegria – diz

Há cinco meses, Marizete dedica as tardes de sexta-feira ao projeto. Não dominar a máquina de costura não foi um problema, já que há trabalhos para todos. Desenhar no tecido o modelo da almofada, cortar os materiais, colar os olhinhos, encher as almofadas. O pré-requisito básico é amor. Tanta dedicação permitiu ultrapassar as paredes dos hospitais.

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– A ideia era entregá-las apenas às crianças em tratamento de câncer, mas cresceu tanto que hoje elas são distribuídas às crianças em qualquer condição hospitalar, acolhidas em situação de vulnerabilidade e até para idosos moradores de casas asilares – explica a idealizadora.

Ato de carinho para mulheres mastectomizadas

A próxima meta é confeccionar as almofadas em formato de coração, para mulheres mastectomizadas atendidas pela Rede Feminina de Combate ao Câncer. Para isso, porém, as voluntárias precisam do apoio da comunidade e de empresas, pois o novo desafio exige mais pessoal e material. Atualmente, os produtos utilizados são comprados através de vaquinhas feitas entre elas e doações de itens como tecido 100% algodão, fibra siliconada, manta sintética e percal são bem-vindas.

Outra forma de ajudar é comprando as naninhas. Elas são comercializadas por R$ 30. Com esse dinheiro, segundo Carla, é possível fazer outras oito almofadas. Quem tiver interesse em contribuir com a inciativa pode entrar em contato com as voluntárias através das redes sociais, no endereço facebook.com/carlabaloni.

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