Uma carreata promovida por motoristas de aplicativo despertou a curiosidade de moradores em várias ruas de Itapema na noite de quarta-feira (17). A manifestação teve como pano de fundo uma ação truculenta da Guarda Municipal contra um condutor registrada horas antes. De um lado, a vítima diz ter sido atacada mesmo sem ter reagido à abordagem. De outro, a Guarda garante que houve desacato e resistência, mas que a postura do agente será apurada pela corregedoria.
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A história começa na manhã de quarta, na rodoviária de Itapema. Diego Simas, motorista de aplicativo, diz que estava reunido com colegas para conversar com o dono de um aplicativo de corridas criado em Santa Catarina e com a equipe do departamento de trânsito de Itapema. A ideia era tentar uma parceria com a rodoviária para a implementação do aplicativo, assim como ocorre com supermercados da cidade.
Antes do encontro, Diego descreve ter sido abordado pelos guardas.
— O guarda me pediu os documentos e foi extremamente grosseiro. Voltei ao carro e entreguei os documentos a ele, que pediu pra que eu abrisse o porta-malas. Os guardas começaram a me empurrar e me intimidaram, me senti mal, fechei o porta-malas e perguntei por que minha abordagem estava sendo tão grosseira — relata Diego.
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O que teria acontecido depois disso foi registrado em vídeo, complementa Diego (assista abaixo). As imagens mostram ele sendo arremessado ao solo com um golpe de artes marciais. Colegas tentam ajudá-lo, mas são contidos pelas demais autoridades. O homem foi levado à delegacia e, de acordo com a Polícia Civil, foi autuado por desacato e liberado horas depois.
A Guarda Municipal tem feito fiscalizações frequentes na rodoviária, detalha o secretário de Segurança de Itapema, Geraldo Rodrigues Alves Júnior. A prefeitura tenta inibir que profissionais façam o serviço de forma irregular, já que há motoristas “instalados” na rodoviária, que buscam passageiros fora da plataforma, de forma clandestina. A ação é tida como uma “máfia de Uber”.
— Essa situação já vem ocorrendo há algum tempo. Eu já estive em reunião com esses motoristas de aplicativo e expliquei para eles da lei municipal, da lei federal, o que eles poderiam ou não fazer. Infelizmente, eles insistem nessa prática irregular aqui na rodoviária — lamentou o secretário.
Diego garante trabalhar dentro da legalidade e nega ter ameaçado os guardas em qualquer momento. Ele fez exame de corpo de delito e acionou um advogado para tomar as medidas legais contra o guarda envolvido. O homem contou que está com o joelho inchado e que precisará fazer um exame mais aprofundado para descobrir o tipo de lesão que teve.
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O que diz a Guarda
O secretário alega que Diego teria feito ameaças “a taxistas e a outros motoristas de aplicativo que tentam trabalhar de forma regular, além de intimidar alguns guardas” durante a semana.
— Ontem (quarta), durante essa fiscalização, foi dado voz de prisão para ele por desacato. Ele tentou resistir, o guarda sabendo da condição dele de lutador de Jiu Jitsu, resolveu aplicar aquela técnica — esse nosso guarda municipal também treinou essa arte marcial. Não vou discutir se é legal ou ilegal esta técnica, quem vai apurar isso é a corregedoria da Guarda Municipal — concluiu o secretário.
O delegado Osnei de Oliveira disse que um Termo Circunstanciado foi feito e que a investigação deve apurar a suposta “máfia de Uber” e se houve uso excessivo da força na abordagem por parte do guarda. Para isso, a Polícia Civil vai contar com a análise das imagens de testemunhas e de câmeras de segurança.
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