Horas após a polícia apreender drogas e fazer prisões, na manhã desta quinta-feira, a maior cracolândia da Grande Florianópolis, no limite entre Florianópolis e São José, continuava a todo vapor à tarde.
Continua depois da publicidade
Ao percorrer o entorno do Bairro Monte Cristo, nas proximidades da Avenida Josué Di Bernardi, a comunidade Chico Mendes e a Vila Aparecida, o Diário Catarinense flagrou facilmente usuários consumindo crack ou ainda andando pelas ruas com a chamada nóia (efeitos do entorpecente).
O aglomerado de pessoas, entre 16h e 17h, se dava em pontos conhecidos: num terreno ao lado Via Expressa, embaixo de viadutos e também em galerias de esgoto entre a rodovia e a via marginal.
Pela realidade, conclui-se que, mesmo com a ação policial, o tráfico e o uso de drogas na parte Continental de Florianópolis e em São José dificilmente irão acabar sem um conjunto de medidas.
Continua depois da publicidade
– O nosso foco é a repressão, mas não vamos resolver enquanto o Estado não entrar junto com ações sociais e de saúde – disse o delegado Cláudio Monteiro, que aponta a área da Chico Mendes como sendo a maior cracolândia da Grande Florianópolis.
Pela manhã, policiais da Divisão de Repressão a Entorpecentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) prenderam duas pessoas acusadas de guardar drogas para traficantes da cracolândia.
A polícia diz que na casa de Mário Sergio Pereira, o Vesgo, 36 anos, na Chico Mendes, foram apreendidos 500 gramas de crack e 500 gramas de maconha.
Continua depois da publicidade
O delegado afirma que tem depoimento apontando que Vesgo atuaria como disciplina (quem executa ordens da facção) do Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Ele era foragido da Justiça de Lages, onde responde por assassinato. A mulher dele também foi presa.
Furtos, roubos, vandalismo, arruaça e prostituição estão interligados com a venda e consumo de crack na região. Moradores formalizaram queixas em delegacias.
À noite aumenta o perigo de transitar pela área. Os usuários cruzam entre os carros e ameaçam praticar assaltos. Alguns atuam como flanelinhas e extorquem motoristas com ameaças.
Continua depois da publicidade
Internação compulsória se torna difícil
Prevista pela prefeitura de São José, a internação compulsória de usuários de crack que perambulam no limite com Florianópolis ainda não saiu do projeto.
A mobilização anunciada no começo do ano atingiria dependentes químicos que moram nas ruas. Eles foram acompanhados em abordagens e não apresentam mais capacidade de discernimento. A proposta previa tratamento no Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (IPQ).
A secretária de Segurança de São José, Andréa Pacheco, diz que a medida não evoluiu aos pedidos judiciais depois que a secretaria de Assistência Social foi informada que a promotoria não teria concordado com a iniciativa.
Continua depois da publicidade
– Deu uma esfriada agora, pois não queremos representar à Justiça sem a concordância de todos. Mas ainda pretendemos conversar com o Ministério Público – disse ontem a secretária.
Andréia não se surpreendeu ao ser informada que o movimento na cracolândia não diminuiu mesmo com a ação policial.
Para quebrar o fluxo, acrescentou, seria necessário manter permanentemente viaturas nas proximidades dos pontos de consumo. A secretária disse que o ideal seria também uma ação conjunta com a prefeitura de Florianópolis no local.
Continua depois da publicidade
A reportagem observou pelas ruas ou terrenos em que os usuários transitam uma grande quantidade de lixo. O material é revirado em busca de objetos metálicos, que são vendidos na própria Chico Mendes. O dinheiro acaba nas mãos de traficantes.