É no Norte da Ilha de Santa Catarina que se concentra o maior número de homicídios registrados em Florianópolis neste ano, até o dia 2 de março. Em apenas dois meses, as áreas das delegacias de Polícia Civil de Ingleses e Canasvieiras computaram seis assassinatos cada uma. Significa que a cada cinco dias uma pessoa foi executada na região. Os números foram repassados pela Delegacia de Homicídios da Capital.
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As 12 mortes do Norte da Ilha representam a metade do total de crimes ocorridos em todo o território de Florianópolis no intervalo de 60 dias. Ao todo, foram 24 homicídios na Capital catarinense, neste mesmo período, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC).
Titular da Delegacia de Homicídios e responsável pelas investigações, o delegado Ênio Matos resume que a maioria das mortes está ligada às facções criminosas instaladas na região:
— São brigas entre facções rivais e, principalmente, brigas internas da mesma facção.
Questionado sobre a possibilidade de algum chefe de facção ter obtido liberdade provisória neste período, o delegado negou e disse que "são brigas de gente que já estava na rua".
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Na mesma lista das áreas que mais registraram esse tipo de ocorrência aparecem as delegacias posicionadas no bairro Saco dos Limões e no Centro, com cinco e quatro homicídios respectivamente, e a do Continente, com três. Depois, ainda há registros nas áreas das delegacias da Trindade, com dois assassinatos, e da Lagoa da Conceição, com um único.
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— Esse caso da Lagoa não tem envolvimento com a comunidade local. Tem ligação com facção também. Pegaram a pessoa de outro lugar e foram matar ali — esclareceu o delegado.
Na última sexta-feira (6), houve um assassinato no Sul da Ilha. O caso será contabilizado na área da 2ª Delegacia de Polícia e, assim como os demais, investigado pela DP de Homicídios.
Os números repassados pelo delegado apontam um total de 27 assassinatos nos primeiros dois meses do ano e não 24, como os dados divulgados pela SSP. Casos como encontro de cadáver, muitas vezes, passam a ser tratados como homicídio ao longo das investigações e alteram as estatísticas.
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O que diz a PM
À frente do 21º Batalhão de Polícia Militar (21 BPM) há cerca de um mês, o major Pablo Neri Pereira esclarece que, apesar de alto, o número não indica uma tendência de criminalidade.
— A nossa principal preocupação são as facções, mas ainda não identificamos uma repetição nas ações, que indiquem uma disputa territorial entre os grupos criminosos. Ao invés disso, a análise indica que foram crimes pontuais — diz, referindo-se ao mês de fevereiro.
Segundo o comandante, houve a morte de duas transsexuais, um confronto com a polícia, com duas mortes, e dois encontros de cadáveres no período de 29 dias:
— O confronto podemos dizer que são pessoas faccionadas, mas as mortes ocorreram num momento de enfrentamento com a polícia, quando se preparavam para cometer um assalto. Não foi por conflito de território. E os cadáveres foram assassinados, conforme as marcas indicam, mas ainda aguardamos a investigação elucidar.
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O comandante do 21º BPM explica que todos os crimes são monitorados pela Polícia Militar, como forma de montar estratégias eficientes para redução de criminalidade e dos índices. Dessa forma, sempre que uma morte ocorre, a polícia busca saber qual foi a motivação e onde ocorreu, para agir ostensivamente e buscar reduzir os índices a zero.
Bairros com mais assassinatos em 2019
O relatório de estatística de 2019, enviado pela SSP, mostra que nenhum outro bairro de Florianópolis registrou tantas mortes violentas como Ingleses, onde ocorreram 10 assassinatos no ano passado. Os outros dois bairros com maior número de execuções ficam na mesma região: Capivari e Vargem Grande tiveram seis cada um.