Imagens de um assalto a banco na cidade de Mococa, no interior de São Paulo, na madrugada desta quarta-feira (7), lembram o terror vivido pelos moradores de Criciúma no dia 30 de novembro do ano passado. Na época, bandidos sitiaram a cidade para roubar cerca R$ 80 milhões — conforme estimativa da polícia.
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A ação dos criminosos nos dois municípios brasileiros se assemelham em diversos aspectos. Nos dois casos, o objetivo era roubar agências bancárias. A cronologia dos assaltos mostra a presença do estilo “novo cangaço”, que configura ações de pessoas de fora da cidade que roubam instituições financeiras e atacam quartéis policiais em municípios pequenos ou médios.
Veja a semelhança entre os assaltos de Criciúma e Mococa
• Criciúma e Mococa são cidades menores e afastadas da Capital. Enquanto Mococa fica a 260 quilômetros de São Paulo, Criciúma é cerca de 210 quilômetros distante de Florianópolis. A ideia é dificultar o deslocamento das forças de segurança.
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• As ações tinham como objetivo roubar agências bancárias. Em Criciúma, os criminosos atacaram a tesouraria regional do Banco do Brasil em dia de carregamento e, na cidade de São Paulo, os bandidos assaltaram a Caixa Econômica Federal em dia de pagamento.
• A primeira ação dos dois municípios em ambos os assaltos foi alvejar os quartéis de polícia para assustar os agentes. Em Mococa, os bandidos também atiraram em uma UPA, localizada ao lado do quartel, que estava vazia.
• Nos dois casos, apenas uma pessoa ficou ferida. Em Criciúma, o soldado Jefferson Luiz Esmeraldino foi atingido durante troca de tiros na rua e, em Mococa, um guarda municipal foi acertado por um estilhaço de vidro após ataque na UPA.
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• Os bandidos usaram armas de alto calibre, como fuzis e metralhadoras, para atirar nos estabelecimentos comerciais e assustar a população. Apesar de os criminosos não atirarem em pessoas, durante toda a ação das quadrilhas foi possível escutar explosões e tiros nos municípios, o que gera medo.
• Os criminosos fugiram em comboios de carros luxosos em direção ao interior. Em Santa Catarina, 10 veículos saíram da cidade juntos para Nova Veneza, onde os abandonaram. Em São Paulo, os bandidos saíram com oito ou 10 carros em direção ao distrito de Igaraí, que dá acesso à divisa com Minas Gerais.
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• Dois veículos utilizados no assalto em Mococa foram encontrados na zona rural. Os 10 carros usados em Criciúma foram achados em um milharal.
• As ações mobilizaram policiais de municípios e estados vizinhos em ambos os casos. Em Criciúma, foi preciso a ação conjunta dos policiais do Sul do Estado, de Florianópolis e do Rio Grande do Sul. Em Mococa, agentes de Ribeirão Preto, Piracicaba e de Minas Gerais buscam os criminosos.
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O assalto em Mococa
Durante a madrugada de quarta-feira (7), uma quadrilha atacou três agências bancárias da cidade de Mococa. Segundo entrevista do prefeito Eduardo Barison (PSD) à Globo News, os criminosos conseguiram entrar nas agências da Caixa Econômica Federal e do Banco Mercantil, mas não tiveram êxito no Banco Santander. Os assaltantes, assim como em Criciúma, usaram armas de alto calibre e explosivos para atirar em lojas e aterrorizar a população.
Os bandidos, ao chegarem na cidade, alvejaram o quartel de polícia do município e a Unidade de Pronto Atendimento ao lado do batalhão, que estava vazia para manutenção do telhado após ser atingida por um vendaval. Um guarda municipal que vigiava a UPA foi atingido por estilhaços de vidro e ficou com ferimentos leves.
Entre 8 e 10 veículos luxosos fugiram de Mococa em um comboio com o pisca-alerta ligado em direção ao distrito de Igaraí, que possui saídas para o estado de Minas Gerais. Dois veículos utilizados na ação foram encontrados na área rural.
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O Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de Ribeirão Preto e agentes de Piracicaba auxiliam a PM e a Polícia Civil de Mococa nas buscas pelos suspeitos. A polícia de Minas Gerais também dá apoio nos trabalhos.
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A situação atual do assalto em Criciúma
A Polícia Civil de Santa Catarina fez 16 pedidos de prisão preventiva na semana passada contra envolvidos no assalto ao Banco do Brasil em Criciúma, na noite do dia 30 de novembro do ano passado. O inquérito principal está mantido sob sigilo, mas a polícia espera ainda o indiciamento de vários outros criminosos. A quadrilha pode ficar presa por até 18 anos.
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Por enquanto, o único inquérito encaminhado ao Ministério Público envolve apenas a ligação de organizações criminosas com o assalto. Com mais de mil páginas, foi esse documento da Delegacia de Roubos e Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) que embasou os 16 pedidos de prisão preventiva. Treze já foram cumpridos e três pessoas ainda estão foragidas.
Enquanto isso, ainda está em andamento a investigação da ação criminosa durante a madrugada, que apura os responsáveis pelos crimes de roubo e tentativa de latrocínio. Esse inquérito ainda não tem data para ser concluído.
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*Com supervisão de Augusto Itnner
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