Destacar os melhores livros lançados entre novembro de 2011 e novembro de 2012 em Santa Catarina, nas categorias romance, conto, crônica, poesia, ensaio e prêmio especial Othon Gama D’eça – destinado à obra de maior peso e relevância para a literatura do Estado. Esta é a premissa do Prêmio Anual da Academia Catarinense de Letras (ACL), que elege também um destaque na área de difusão da cultura – este ano, foi escolhida a Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis.

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Na noite desta qurta-feira, a ACL oficializa a entrega de medalhas e diplomas a seis autores catarinenses, nascidos ou radicados no Estado, em evento fechado. As obras premiadas foram pré-escolhidas por uma comissão tripla, formada pelo jornalista Mario Pereira e pelos escritores Amilcar Neves e Flávio José Cardozo. A lista foi submetida à aprovação da Assembleia Geral da ACL. Confira abaixo os premiados em cada categoria.

Crônica

Ler é Uma Droga! – Crônicas sobre livros e leitura, de Maicon Tenfen

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Editora da Furb, 112 p., R$ 25

Coleção de crônicas publicadas originalmente no Diário Catarinense e no Jornal de Santa Catarina, entre 2007 e 2011. Todas, de alguma maneira, falam sobre a atividade da leitura, tanto discutindo os clássicos e os best-sellers quanto incitando o leitor a ver na literatura uma manifestação social de identidade. Os textos têm linguagem leve e cotidiana, típica da crônica. Escritor convicto, Maicon Tenfen vive em Blumenau e já publicou quinze livros entre romances, novelas, contos e crônicas.

Romance

Lotte & Zweig, de Deonísio da Silva

Editora Leya, 128 p., R$ 39,90

Reconstrução poética do episódio que marca o fim da vida escritor Stefan Zweig e de sua mulher, Charlotte Altmann, a Lotte. Em 1942, o casal exilado há mais de seis anos por causa do regime nazista comete suicídio na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Setenta anos depois, o escritor Deonísio da Silva lança luz sobre uma história ainda envolta em horror e mistérios, recuperando os últimos dias da vida do casal e, pela primeira vez, dando voz a Charlotte.

Ensaio

John Cage e a Poética do Silêncio, de Alberto Andrés Heller

Editora Letras Contemporâneas, 156 p., R$ 35

Para refletir sobre o silêncio, o maestro Alberto Andrés Heller, radicado em Santa Catarina, estudou o pensamento filosófico do músico norte-americano John Cage, para quem o silêncio, primeiro percebido como ausência de som, se torna matéria-prima para a exploração de novas sonoridades. O trabalho de Héller em torno do assunto resultou em um livro de alta erudição e preciosidade para a pesquisa e a documentação da teoria musical.

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Poesia

Totens, de Sérgio Medeiros

Editora Iluminuras, 184 p., R$ 44

O livro retoma o trabalho poético realizado pelo autor em O Sexo Vegetal e Figurantes. Nesses livros, Medeiros propõe uma mistura de formas, em dois sentidos: mistura de prosa e poesia, e mistura de seres – míticos, humanos, vegetais e outros. Em Totens, o autor reconta um episódio do romance Ulysses, de James Joyce, transpondo o cenário para o Brasil. Reconhecido autor de poesia, Sérgio Medeiros é professor da UFSC.

Conto

Contos Escolhidos, de Enéas Athanázio

Letras Contemporâneas, 272 p., R$ 40

Antologia de contos de um dos mais produtivos autores de literatura ficcional de recorte regionalista – ao todo, Enéas Athanázio tem 56 livros publicados, 140 participações em coletâneas e mais de 30 prêmios recebidos em reconhecimento por suas obras. Em Contos Escolhidos, o autor, nascido na cidade de Campos Novos em 1935 e considerado pela crítica um regionalista dos Campos

Prêmio Othon Gama D´Eça

A Literatura dos Catarinenses – Espaços e caminhos de uma identidade, de Celestino Sachet

Ed. da Unisul, 626 p., R$ 50

O livro é o mais completo painel já produzido sobre a literatura de autores catarinenses – nascidos ou radicados no Estado. Com uma década de pesquisas, o trabalho contempla prosa, poema e teatro de cerca de 1,6 mil autores, em mais de um século e meio de história literária, começando em 1847 e indo até os dias de hoje, com os autores contemporâneos.

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– Quando comecei, não sabia que a pesquisa se tornaria tão grande. Como levei dez anos para concluir, fui amontoando papel e vi que o livro se estendia por um volume maior do que o esperado. Mas acho que a literatura catarinense merece esse tipo de estudo, essa quantidade de folhas, e o reconhecimendo da Academia também comprova isso. O trabalho não foi inútil – declarou Sachet.

O livro também ganhou uma edição resumida, com ilustrações do artista Rodrigo de Haro.

_ Essa passa a ser uma obra de referência obrigatória para a literatura do Estado e para todos que pretendam estudá-la – destaca o jornalista Mario Pereira, membro da ACL e integrante da comissão que pré-selecionou as obras premiadas.

Aos 82 anos, o advogado e professor aposentado Celestino Sachet é titular da cadeira número 15 da Academia Catarinense de Letras e tem mais de 20 livros publicados.

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Destaque Cultural

Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis

O prêmio é destinado a pessoas ou instituições que tenham dado expressiva contribuição para a cultura em Santa Catarina ao longo do ano. No caso da fundação, a difusão cultural é fruto de uma agenda que inclui exposições de arte, lançamentos de livros, oficinas, debates, ações educativas e cineclubes.

– Para nós, é sempre importante receber o reconhecimento. Num Estado onde a cultura anda meio combalida, conseguimos manter uma intensa programação ao longo do ano – declarou o presidente da Fundação Cultural Badesc, Armando Sabino.

Hoje vinculada à Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina, há poucos meses a Fundação Badesc passou a cogitar a transferência da administração para a Fundação Catarinense de Cultura, do Governo do Estado, responsável pela direção do Centro Integrado de Cultura e dos teatros Álvaro de Carvalho e Pedro Ivo. O presidente da Fundação Badesc, no entanto, destaca que as alterações ainda não foram confirmadas.

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– Oficialmente, isso ainda está em fase de estudo. Não existe nada concreto. Por enquanto, permanece como está.

Com o reconhecimento da ACL e de boa parte do público, que encontra na Fundação Badesc um dos poucos espaços dispostos a sediar a arte contemporânea em Florianópolis, o governo do Estado e o Badesc devem considerar se vale a pena mexer no time – que parece estar ganhando.