Entre os vários fatores que marcaram as eleições municipais de 2020, o alto índice de abstenção é um que ficará para a história. Nunca um pleito no Brasil teve tantos eleitores ausentes, e os números que já eram altos no primeiro turno cresceram ainda mais no segundo, neste domingo (29).
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No Brasil, o segundo turno teve índice de abstenção de 29,5%, o maior número desde 1996, superando os 21,6% que haviam sido registrados em 2016. Nas cidades onde a disputa foi para o segundo turno, o comparecimento dos eleitores foi ainda maior em relação ao primeiro turno 15 dias atrás, como foi o caso de Blumenau e Joinville.
Em Blumenau, 76,6 mil eleitores não foram votar no segundo turno, o que representa 31% do eleitorado da cidade. O número da abstenção é maior, por exemplo, que o de votos feitos pelo candidato derrotado, João Paulo Kleinübing (DEM), que somou 42 mil. Mário Hildebrandt (Podemos) foi eleito com 72% dos votos válidos, o que representa 108,5 mil votos.
Somando a abstenção aos votos brancos e nulos, o número chega a 96,3 mil — representando mais de 40% do eleitorado da maior cidade do Vale do Itajaí. No primeiro turno a abstenção foi menor na cidade, com 27% dos eleitores ausentes. Quatro anos atrás, nas eleições municipais de 2016, os índices em Blumenau foram de 9% e 11% no primeiro e segundo turno, respectivamente.
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Joinville também teve menos eleitores nas urnas e viu a abstenção subir de 25% para 28% entre o primeiro e o segundo turno. Neste domingo, 114,4 mil pessoas que estavam aptas a votar não foram às urnas. Somando brancos e nulos, o número chega a 141 mil joinvilenses que não votaram em uma das opções — quase o total de votos do candidato vencedor, Adriano Silva (Novo), que teve 145 mil votos.
Entre as capitais brasileiras, o maior índice de abstenção ficou com o Rio de Janeiro: 35,5% dos eleitores não compareceram neste domingo, o que representa 1,7 milhão de pessoas — Eduardo Paes foi eleito com 1,6 milhão de votos. Em São Paulo o índice ficou em 30%, enquanto em Porto Alegre 32,7% dos eleitores não votaram. Na capital gaúcha, a soma de abstenções, brancos e nulos chegou a 404 mil votos e superou com folga a votação do candidato eleito à prefeitura, Sebastião Melo (MDB), que recebeu 370 mil votos.
Belém (PA) foi um dos poucos locais onde a abstenção em 2020 foi menor em relação ao pleito de 2016. O índice caiu de 21,2% para 20,7%, e se manteve estável entre o primeiro e o segundo turno — diferentemente de outras capitais,
O crescimento da abstenção foi um fenômeno esperado nas eleições de 2020 no Brasil inteiro, principalmente pela pandemia do coronavírus que fez muitos eleitores ficarem em casa. Justificar o voto também se tornou mais fácil este ano, com a opção no celular pelo aplicativo e-Título.
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Em entrevista na noite deste domingo (29), após a totalização dos votos, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou que a abstenção foi “maior do que desejaríamos”, mas comemorou os índices no contexto da pandemia do coronavírus.
— Quando começou, temia-se uma abstenção colossal, e consideramos que realizar eleições em meio à pandemia, com comparecimento de 70%, é fato que merece ser celebrado — disse o ministro.
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