Brasília

Com muito carinho, passei a vida

alimentando meu magro gatinho.

Cresceu, ficou forte e virou leão.

Agora ele está se achando o tal,

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só pensa em me comer,

pois trabalha para

Receita Federal.

Boca de urna: Brasil

Hoje é o último dia.

Vote em mim,

antes que tudo tardia.

Sou ladrão e bandido.

Também bêbado e tarado,

mas do vosso partido.

Em qualquer lugar do mundo

“Casa/Atelier, teu corpo minha pátria”

Dentro de alguns meses faço mais um atelier, o trigésimo segundo da minha vida.

Nos meus setenta e um anos morei em casas de madeira, pedra e vidro.

Em apartamentos, do térreo à cobertura.

Em arranha-céus e sobrados.

Em bangalôs e vilas.

De pensão de estudante a palácios de tempos imperiais.

Fui proprietário e inquilino.

Morei provisório e definitivo, de favor e aluguel.

Mas sempre em janelas com vistas.

Tive endereços nos lados pares e ímpares, nas várias ruas do mundo, daqui e acolá.

Em todas as paredes pendurei meus quadros.

Cera no chão e fl ores nos vasos.

Mobiliei, joguei tapetes, panos e cortinas.

Sempre muitas gavetas, para tantas histórias.

De cada casa fiz uma viagem, de todas fiz um barco,

do seu casco como um ventre fértil, fiz minha pátria.

Avenue Ópera

A previsão do tempo

é de muita chuva.

…mas cá entre nós! Também não está

chovendo assim para tanto “enrosco”.

Jardin de plante – Paris

Tive uma educação chamada “à moda antiga”.

Como: tratar de senhor e senhora as pessoas mais velhas.

Ser bem comportado à mesa, não interromper a conversa dos adultos.

Não economizar nas palavras: com licença, por favor e obrigado

(isto não significa humildade e sim fi no trato).

Dizer bom-dia quando chegar e até logo quando partir.

Abrir a porta para uma mulher, puxar a cadeira quando ela sentar.

Aprendi a mandar flores mensais para a namorada.

Respeitar os humanos, ter carinho pelos animais e amar a mãe natureza.

Foi aí que preparei um grande terreno para plantar um lindo jardim.

Folhagens, flores exóticas e árvores tropicais.

Bem educado, pergunto: onde eu errei?… nada cresceu, salvo a pá.