Rocco tem nove anos e foi resgatado ainda filhote em Canasvieiras, no norte da Ilha, vítima de maus-tratos. Bolacha, sete anos, estava doente e morava nas ruas do bairro Saco Grande há três anos. João Batista, hoje com cinco anos, foi atropelado em São João Batista, na Grande Florianópolis, e levado à Capital para receber os cuidados necessários. Estes três cães vivem hoje na Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea) de Florianópolis. Lá foram acolhidos, tratados por veterinários, castrados, vacinados e alimentados. Apesar de receberem todos estes cuidados, falta para eles uma família que lhes deem atenção e carinho.
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Fabrícia Rosa Costa, diretora do Dibea, informa que atualmente o bem-estar possui 150 animais esperando para serem adotados, são 100 cães e 50 gatos. Praticamente todos são adultos, com idade entre dois e nove anos. No entanto, segundo Fabrícia, a maioria das pessoas procura a diretoria para adotar um filhote e ela acredita que isso aconteça por falta de informação e conhecimento.
— São vários motivos. As pessoas acham que o cachorro adulto ou idoso vai morrer logo e quem adotou vai sofrer, mas esclarecemos que também é preciso pensar no animal e não apenas em si mesmo, pois o pouco tempo que ele fica com a pessoa, vai ser feliz — diz.
Ela explica que o tempo de vida, porém, é relativo. O animal bem tratado pode viver muitos anos, dependendo do porte, até 20. Além disso, ainda há o receio que o animal pode ser agressivo. No entanto, as vantagens de adotar um animal adulto ou até mesmo idoso é justamente já saber como ele é, pois já tem uma personalidade formada.
— O adulto costuma ser mais calmo, não destrói as coisas em casa, é tranquilo para passear, se adapta a novos ambientes com mais facilidade e não dá tanto trabalho quanto um filhote — acrescenta.
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Já os cuidados com os cães e gatos idosos são os mesmos que qualquer animal precisa. Fabrícia explica que o filhote também ficará velho e, se tiver algum problema de saúde precisará igualmente de cuidados extras, como suplemento alimentar ou mesmo uma ração para a idade específica.
Em média, o animal filhote, de porte pequeno com até dois anos, fica no canil menos de um ano. As chances de serem adotados começam a diminuir assim que completam seis meses de vida. Foi o que aconteceu com Rocco. O cãozinho chegou ao Dibea ainda filhote, não foi adotado na época, cresceu e está há nove anos no canil.
— É muito triste ver o cachorro envelhecer no canil e morrer de velho sem ter a oportunidade de ter uma vida melhor — lamenta Fabrícia.

Como adotar
Para adotar um cão ou gato da Dibea é preciso, primeiramente, passar por uma entrevista para identificar o perfil de animal mais apropriado para a família. Fabrícia explica que quem adota precisa estar ciente dos cuidados necessários, incluindo a segurança do animal e gastos. O interessado também tem que ter condições financeiras para arcar com despesas, como ração, vacina e possíveis medicamentos.
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Após a entrevista, é aplicado um questionário com perguntas chaves e análise das respostas. Se for pré-aprovado a pessoa vai até o canil para escolher e interagir com o animal. Depois disso, funcionários da Dibea levam o escolhido até a residência, onde fazem uma vistoria. O local precisa ter muro, portão ou telas que garanta a segurança e o espaço adequado. Ele não pode ficar amarrado.
— Se a casa for aprovada, deixamos o animal e a pessoa assina um termo de adoção.
De acordo com Fabrícia, o processo precisa seguir todas estas etapas para evitar que o animal seja devolvido posteriormente, principalmente porque eles já foram resgatados de situações de maus-tratos e a intenção é que tenham uma vida melhor que a do canil.
Todos já saem com a vacinação em dia e castrados. Além de ter um companheiro e dar uma vida melhor ao animal, quem adota na Dibea também ajuda o órgão a continuar com o trabalho.
— Recolhemos na medida em que vamos doando, se as pessoas incentivam a adoção e não a compra, a gente consegue resgatar mais — afirma a diretora.
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Maus-tratos é crime
A Dibea de Florianópolis acolhe animais vítimas de maus-tratos ou em situação de rua que estejam doentes ou que tenham sido atropelados. No canil, eles recebem atendimento clínico, vacina, castração e são disponibilizados para adoção. Fabrícia explica que, por conta do espaço, não é possível retirar das ruas animais sadios para colocá-los no canil. Hoje, a Dibea tem capacidade para acolher até 150 animais entre cães e gatos.
Maltratar e abandonar animais são considerados crimes ambientais no Brasil. Em Florianópolis também não se pode deixar cães acorrentados ou sempre presos no canil. A multa varia de R$ 500 a R$ 3 mil e o agressor ainda pode ser preso por três meses a um ano.
Serviços oferecidos pela Dibea
– Adoção de animais: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
– Castração: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. É preciso levar documento de identidade e comprovante de residência para agendamento. A cirurgia é marcada dentro de no máximo quatro meses.
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– Atendimento veterinário: voltado para pessoas de baixa renda. É preciso ir pela manhã, pois são vagas limitadas. É preciso comprovar renda.