O número de empresas abertas em Santa Catarina entre janeiro e novembro deste ano é 17% maior do que o registrado em 2017 inteiro. Os números são da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e foram levantados a pedido da reportagem. Nesse período, foram abertos 105.073 novos negócios em Santa Catarina, diante de 89.847 durante todo o ano de 2017.

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Das 295 cidades catarinenses, 196 registraram aumento no número de empresas abertas, enquanto 84 tiveram redução. Outras 15 alcançaram, até 30 de novembro, o mesmo número de empresas abertas no último ano. Com isso, elas podem fechar o saldo do ano de forma positiva, caso haja incremento de novos negócios nesses municípios.

No mapa ao lado, é possível ver o desempenho de cada cidade. As marcações em verde mostram os municípios que já ultrapassaram o número de empresas abertas em 2017. As que estão em vermelho estão abaixo e as marcações cinzas são das cidades cujos números permanecem estáveis. As cidades que tiveram os melhores desempenhos ficam entre o Meio-Oeste e o Litoral catarinense. No Extremo-Oeste, houve menos aberturas de empresas do que no ano anterior.

Perda do emprego motivou criação de empreendimentos

Já os três municípios onde houve a maior variação proporcional de abertura de novos empreendimentos foram São José do Cerrito (204,17%), Ouro Verde (125%) e Águas de Chapecó (108,51%). Na outra ponta, as cidades com pior desempenho proporcional foram Lindoia do Sul (-88,46%), Lontras (-63,83%) e Paial (-61,11%).

Para o gerente de inteligência competitiva da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Sidnei Manoel Rodrigues, o aumento no número de novas empresas em todo o Estado reflete o bom momento da economia catarinense. Além disso, ele aponta que houve um movimento na abertura de empresas de microempreendedores individuais, conhecidos como MEIs.

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Rodrigues acredita que muitas pessoas que perderam o emprego durante a crise decidiram abrir o próprio negócio, em busca de prosperidade econômica.

– Um grande número de empresas, com certeza, são MEI. A alternativa foi empreender. Percebemos aqui esse movimento de pessoas que perderam os empregos e foram empreendendo. Também teve um movimento forte, em muitos setores, caminhando em direção à terceirização – avalia Rodrigues.

Postos de trabalho sinalizam retomada do ritmo econômico

A queda na abertura de empresas no Oeste é explicada pelo economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC), Luciano Córdova, como resultado da pouca diversificação da economia dessas cidades, que têm no agronegócio a maior fonte de renda. Já no Meio-Oeste e nas cidades litorâneas, há mais opções para os empreendedores investirem.

– Além da agricultura, tem certa atividade industrial. No Litoral, houve mais atividades de serviços. Quanto mais diversificada a região, mais contribui para a geração de novas empresas – explica.

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Outro indicativo de que a economia catarinense está se recuperando é a criação de empregos neste ano. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Santa Catarina abriu 64.124 novas vagas empregos entre janeiro e novembro. Sidnei Rodrigues, da Fiesc, diz que, se somadas as vagas geradas em 2017, a economia recuperou os empregos perdidos entre 2015 e 2016, pior período da crise.

– Este é o primeiro momento desde dezembro de 2014 que recuperamos todas as vagas perdidas. Recuperamos cerca de 2 mil. É um momento histórico – avalia.

Comércio e serviços têm mais dificuldades

Nos setores de comércio e serviços, no entanto, essa recuperação tem sido mais lenta, conforme Córdova. Ele explica que as empresas da área estão mais cautelosas, devido às mudanças políticas e econômicas que o próximo governo pode implementar:

– Em comércio e serviços, a gente observa, sim, uma recuperação, desde o começo do ano. Teve alguns meses de perdas em maio e junho, com a greve dos caminhoneiros. Com relação aos empregos, ainda não chegamos aos mesmos dados de antes da crise.

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Ele acredita que ainda há espaço para crescimento e retomada desses setores, pois a retração durante o auge da crise foi intensa.

– Temos uma capacidade ociosa, que ficou parada – diz Córdova.

No setor industrial, Rodrigues afirma que consegue perceber o interesse de investidores que desejam abrir novos negócios e vagas de emprego no Estado a partir de 2019:

– Estamos projetando um crescimento de PIB e de produção muito melhor do que em 2018. Nos últimos meses, pós-eleição, têm surgido muitas empresas de fora de Santa Catarina com interesse em investir.