Uma reunião ontem à noite no restaurante do Hotel Millenium, alinhavou a contratação de Pato Abbondanzieri por pelo menos uma temporada. Por quase duas horas, o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho, o assessor Roberto Siegmann, o gerente executivo Newton Drummond, e representantes do goleiro negociaram. Falta definir a multa rescisória com o Boca, que exige US$ 200 mil para liberá-lo.
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Pato deve ir à Bombonera hoje apenas para se despedir dos companheiros e limpar o armário. Sua apresentação no Beira-Rio deve ocorrer amanhã. O Inter precisa inscrevê-lo até amanhã na CBF para que ele possa estrear na primeira fase da Libertadores.
A imprensa argentina avalia assim o momento do goleiro de 38 anos: a idade começa a pesar, mas a frágil defesa do Boca o prejudicou.
Abbondanzieri receberá mais de R$ 200 mil no Beira-Rio. O negócio é intermediado pelo empresário Gabriel Morales, o mesmo que trouxe Jorge Fossati para o Inter. Ontem, o técnico tratou Pato já como jogador colorado:
– Observei-o, e está em seu nível de sempre. Ainda tem idade para jogar em alto nível por muitos anos.
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A contratação de Pato vem suprir exigência da direção de contar com goleiro experiente na Libertadores. Clemer foi campeão da América com 37 anos. Antes de investir sobre o argentino, o Inter sondou Fábio, do Cruzeiro, e Diego Cavallieri, do Liverpool. O entendimento é de que a defesa está entrosada e precisa apenas de um goleiro de renome.
– É um vencedor, chegará como chegou o Manga nos anos 70 – disse Carvalho.
Com 14 títulos no currículo (entre eles dois Mundiais, três Libertadores e duas Sul-Americanas) e uma Copa do Mundo como titular (em 2006), Pato convive com a desconfiança no Boca, que passa por reformulação. No domingo, foi reserva de Javier Garcia, de 22 anos. O que precipitou a decisão de deixar a Bombonera.
Como Ibarra, 35, também foi retirado do time, a tese de que a idade passou a pesar sobre o goleiro ganhou força. Desde que voltou ao Boca, no ano passado – retornando do Getafe-ESP -, seu desempenho não é o mesmo dos grandes títulos de meados dos anos 2000. Pelas más atuações, perdeu lugar na seleção de Maradona e não deverá estar na Copa da África.
A seu favor, porém, os argentinos garantem que o sistema defensivo do Boca Juniors é uma calamidade – nos primeiros três jogos do Clausura, nos quais Pato foi titular, a defesa sofreu sete gols, e ele teve culpa em apenas um deles.
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O que dizem os jornalistas argentinos:
Ariel Kertzman,
Repórter setorista do Boca pelo jornal Olé
“Pato vem falhando desde o final de 2009. Mas neste ano, não teve culpa na maioria dos gols. Não tem mais a agilidade de antes, porém, pode voltar aos bons tempos se tiver uma defesa sólida. Precisa recuperar a confiança. É desassombrado, está acostumado e gosta de jogar sob pressão”
Alejandro Casar,
Setorista do Boca pelo jornal La Nación
“Pato já não é mais o mesmo. Não tem a segurança de antigamente. Claramente por causa da idade. Tem experiência enorme em torneios internacionais. Se a defesa do Inter estiver bem, será um grande goleiro de novo. É emblemático. Está para Boca assim como Ceni está para São Paulo”
Oscar Etchetchury,
Repórter da Rádio América, de Buenos Aires
“Tem muita experiência, está acostumado a pressão. Pato tem ficado exposto porque a defesa do Boca está muito mal. Pode voltar aos bons tempos no Inter. É experiente, trabalhador, estuda os rivais. Trata-se de um cara positivo no vestiário. Cresce na Libertadores, sempre”